Clássicos do futebol paulista terão torcida única após brigas e morte de idoso
Depois das brigas das torcidas de Palmeiras e Corinthians, ontem (3), e que resultaram na morte de uma pessoa que passava na hora da confusão, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, reuniu-se com o vice-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Fernando Sollero, e com o promotor Paulo Castilho, além de delegados e desembargadores, e determinou que os clássicos de futebol em São Paulo terão torcida única até o final deste ano, ou seja, até 31 de dezembro deste ano, a partir do próximo clássico a ser disputado no estado.
A medida, segundo o secretário, valerá inclusive para jogos entre os times paulistas na Libertadores da América e para torcidas de grandes clubes de outros estádios que vierem jogar em São Paulo no Campeonato Brasileiro. Além disso, o secretário anunciou que, até amanhã, deverão ser identificados os cerca de 50 torcedores que participaram dos confrontos e que todos eles serão banidos dos estádios, por um período que ainda não foi determinado. “Todos os que forem identificados, serão banidos de todos os jogos”, disse o secretário.
As torcidas organizadas também estarão proibidas de levar faixas ou adereços, inclusive bandeiras. A proibição vale, inclusive, para as faixas que uma das torcidas organizadas do Corinthians, a Gaviões da Fiel, vem levando ultimamente nos estádios paulistas. para pedir investigação sobre o escândalo da merenda escolar, que envolve políticos de São Paulo.
De acordo com Alexandre Moraes, será pedido ainda que a Procuradoria-Geral do Estado entre com uma ação contra as torcidas Mancha Alviverde (do Palmeiras) e Camisa 12 (do Corinthians), por causa da depredação na estação Brás, do Metrô, o que pode resultar em que todos os ativos dessas torcidas sejam penhorados para o pagamento dos prejuízos ocorridos no metrô.
Outra medida acertada durante a reunião foi a determinação de que todos os ingressos para jogos de futebol no estado serão vendidos somente pela internet, com cadastro prévio e identificação de todos os torcedores por meio de CPF. Com isso, pretende-se acabar com a venda direta de ingressos dos clubes para as torcidas organizadas. A ideia é implantar um sistema, que ainda será acertado com os clubes, segundo o vice-presidente da FPF, de forma que os torcedores organizados tenham que preencher um campo específico, identificando-se como torcedor organizado e que passem a ocupar uma área destinada somente para eles nos estádios, diferenciando-os do torcedor comum.
Segundo Sollero, essa medida ainda precisará ser ajustada e a possibilidade é de que ela só comece a funcionar para o Campeonato Brasileiro. De acordo com o promotor Paulo Castilho, a Federação ficará responsável por avisar aos clubes paulistas sobre as determinações e de colocar em prática todas as medidas que foram acertadas na reunião de hoje.
“Tomamos algumas medidas imediatas de rigor. A torcida organizada, do jeito que está, não pode subsistir. A venda online tira dos clubes o fomento à torcida organizada. O cerco está se fechando. As instituições estão unidas para combater a violência”, disse o promotor Castilho.
“Nenhuma medida sozinha é uma medida mágica. Mas com o somatório dessas medidas é que acreditamos que vamos evoluir”, disse Alexandre Moraes. A ideia, segundo o secretário, é que ocorram novas reuniões, que sejam pensadas propostas de alteração da legislação, tornando mais rigorosa a punição para crimes cometidos por torcedores. Também poderá ser criada uma central policial para monitorar todos os acontecimentos que ocorrerem em um dia de jogo.
Segundo o secretário, os vários confrontos de ontem entre torcedores de Palmeiras e Corinthians, ocorridos em São Miguel Paulista e na estação Brás, em São Paulo, e também em Guarulhos, na Grande São Paulo, não têm ligação ou são revides à prisão, na última sexta-feira, de um torcedor do Palmeiras, acusado de ter agredido o presidente da torcida Gaviões da Fiel no início de março deste ano.
No domingo (3), um pedestre que passava pela Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, mais conhecida como Praça do Forró, próximo à estação São Miguel Paulista, morreu baleado durante confrontos entre torcedores. O nome da vítima ainda não foi divulgado, embora o secretário tenha dito na coletiva de hoje que ela já foi identificada.
O assassino ainda não foi identificado, mas o secretário negou que a vítima, um homem de cerca de 60 anos, que passava pelo local e não tinha ligação alguma com as torcidas, tenha sido morto por disparo de um policial. “Não há nenhum indício de que o tiro tenha sido dado pela polícia. Os policiais se submeteram a exames residuográficos”, disse Moraes.
Sobre a liberação, já hoje, dos torcedores que foram detidos ontem após os confrontos, o secretário disse que isso ocorreu por causa da tipificação criminal que lhes foi imputada. Mas, segundo Moraes, durante o inquérito policial, a imputação aos torcedores deverá ser mais rigorosa: “Eles [torcedores] continuam soltos porque obtiveram na Justiça a liberdade. Mas não podemos ser mais duros do que a lei estabelece. Podemos chegar ao limite do rigor da lei”.