Novo secretário de Segurança do Rio diz que vai manter UPPs
O novo secretário de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, Roberto Sá, tomou posse hoje (17) prometendo manter o programa das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Ao assumir a pasta no lugar de José Mariano Beltrame, que pediu demissão há uma semana, Sá disse que terá como meta combater a letalidade e a criminalidade, além de oferecer dignidade aos profissionais do setor.
“As UPPS permanecem sim, com o olhar muito mais atento, mais apurado, para fortalecermos porque a sociedade deseja e [esse] é um projeto exitoso”, declarou Sá, sem descartar mudanças no projeto. “Todo o ajuste que houver necessidade será feito à medida em que tivermos recursos e possibilidades, na relação vertical com o governo federal e horizontal, com outras pastas”.
Criadas por Beltrame há dez anos, as UPPS são questionadas por alguns setores da sociedade por não terem conseguido acabar com a criminalidade e reduzir a letalidade nas áreas onde foram implantadas, embora boa parte da população dessas comunidades deseje a permanência do programa. Um dos casos que colocaram as unidades em xeque foi o desaparecimento, em junho de 2013, do pedreiro Amarildo, após ter sido levado à sede da UPP na Rocinha, supostamente com o objetivo de dar informações sobre o esconderijo de armas. Dos 25 policiais acusados de participação no crime, 13 foram condenados por tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual, entre eles o chefe da UPP.
Centro de inteligência
Além de melhorar o programa, o novo secretário pretende intensificar a investigação de armas de fogo e de explosivos e retirar das ruas submetralhadoras e fuzis, comumente usadas por organizações criminosas no estado. Para isso, anunciou ainda a criação de um núcleo de inteligência, que funcionará 24 horas por dia, em uma estrutura remanescente dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o Centro Integrado de Comando e Controle. “Será uma coalizão do bem”, afirmou.
Sem antecipar mudanças, como a troca de comando na Polícia Civil, em que o chefe, delegado Fernando Veloso, também deixou o cargo, Roberto Sá disse que ainda vai conversar com os comandantes. “Mas mudanças pontuais na equipe ocorrerão”, confirmou.
Roberto Sá disse ainda que quer promover ações integradas das polícias e em parceria com o governo federal que, por intermédio do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, já garantiu prioridade ao estado. Outra meta, segundo ele, é aproveitar a experiência dos profissionais do setor.
“O nosso soldado, lá da ponta, tem muito a contribuir nas discussões de segurança pública”, afirmou. “O policial civil não vai, tão somente, assistir a palestras dos seus chefes, mas contribuir nas discussões para que nós tomemos as decisões corretas”, completou.
As novas metas e os indicadores de criminalidade serão monitorados periodicamente pela nova gestão, “com muito foco nas UPPS” e participação social.
Robero Sá agradeceu ao ex-chefe, Beltrame, pela confiança, autonomia e liberdade, no tempo em que os dois trabalharam juntos, e desejou que o ex-secretário, que ficou quase 10 anos no cargo, “tenha um justo e merecido descanso”.
Roberto Sá era subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da própria secretaria e foi responsável pela coordenação do plano de segurança da Polícia Civil na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos. Já integrou o Batalhão de Operações Especiais (Bope), de onde saiu para ser delegado da Polícia Federal. É formado em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio.
Apoio do governo federal
Após da posse de Roberto Sá, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, reforçou apoio às políticas de segurança e sugeriu manter patrulhamento nas cinco rodovias federais que dão acesso ao estado, por meio da Polícia Rodoviária Federal. “Precisamos aproveitar o grande legado da Olimpíada e da Paralímpiada para a segurança, que foi a integração”, disse Moraes.
O ministro não confirmou a manutenção das Forças Armadas ou da Força Nacional de Segurança, composta por policiais militares de vários estados no Rio, para depois do 2° turno das eleições, como foi solicitado pelo governador do estado, Francisco Dornelles.
Com um plano nacional de segurança engatilhado com os estados, o ministro quer começar ações de combate à criminalidade, às armas e às drogas a partir de novembro. O projeto vem sendo elaborado em parceria com os secretários desde maio, sob coordenação do próprio ministro e tem a participação de procuradores-gerais de Justiça dos estados.