Paralisação de caminhoneiros nas estradas entra no sétimo dia

Governo negocia para tentar acelerar fim dos protestos

Publicado em 27/05/2018 - 10:52 Por Agência Brasil* - Brasília
Atualizado em 27/05/2018 - 13:05

Neste domingo (27), sétimo dia de greve, o governo volta a negociar com os caminhoneiros, ao mesmo tempo em que forças de segurança continuam a desobstruir pontos de bloqueio nas rodovias de todo o país. A categoria dos motoristas autônomos reivindica agora desconto de 10% no valor do diesel que será cobrado na bomba, a ampliação desta redução de 30 para 60 dias e o fim da suspensão da cobrança de tarifa de pedágio para eixo elevado dos caminhões para todo o país.

O ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, Carlos Marun, apresenta hoje ao presidente Michel Temer essas novas propostas. Marun e ministros de várias áreas se reúnem no Palácio do Planalto, no gabinete de gestão de crise, na tentativa de encerrar a paralisação. O presidente Michel Temer também está no Palácio do Planalto. Uma nova entrevista coletiva deve ser dada pelas autoridades federais nesta tarde. 

Até a noite de sábado (26), metade dos mais de mil pontos bloqueios ainda resistia nas estradas. Eram, às 22 h de sábado, 554 pontos de bloqueio nas rodovias, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A maioria das barreiras é parcial e sem prejuízo à circulação de veículos. De acordo com a polícia, 625 pontos foram desbloqueados. Em estados da Região Centro-Oeste, como Mato Grosso do Sul, as estradas começam a ser totalmente liberadas, segundo informou nesta manhã a PRF estadual. Até o meio-dia deste domingo, a PRF não havia atualizado o número de bloqueios

Brasília

A capital federal começou a ser reabastecida de combustíveis desde a tarde de sábado. Longas filas são vistas hoje em postos do Plano Piloto, na região central. Muitos, entretanto, continuam fechados. 

O Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek já recebeu combustível, mas ainda operava com restrições. O governador Rodrigo Rollemberg descartou no sábado a possibilidade de decretar estado de emergência. A prioridade, segundo ele, concentra-se em saúde, segurança e transporte público. Poucos ônibus circulam neste domingo. 

São Paulo 

O governo de São Paulo informou hoje (27) pela manhã que, após as medidas anunciadas ontem pelo governador Márcio França, o número de bloqueios nas rodovias estaduais paulistas registrou queda de 77,7%, passando de 157 vias bloqueadas (total de vias paradas na manhã de sábado) para 35.

Segundo o governo, às 7h deste domingo, havia ainda 35 interrupções em rodovias estaduais e duas em rodovias federais.

O governador, que se reuniu no sábado com o ministro Carlos Marun, anunciou a suspensão da cobrança do eixo suspenso, usado pelos caminhões que trafegam sem carga total, nos pedágios das rodovias paulistas. A medida faz parte de um pacote de ações negociado para a desobstrução das estradas. A interrupção da cobrança começa a vigorar a partir da 0h de terça-feira (29), prazo negociado pelos líderes dos caminhoneiros para liberação das rodovias, principalmente trechos da Régis Bittencourt (que liga aos estados do Sul) e do Rodoanel (que interliga rodovias na região metropolitana paulista). 

Já o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), informou neste domingo que assinou um decreto para permitir a livre circulação de caminhões na capital paulista ao longo desta semana. 

A expectativa do prefeito é que os serviços essenciais se normalizem ao longo da semana. Hoje apenas a coleta seletiva de lixo está suspensa e há preocupações com insumos para a merenda e o suprimento de gás de cozinha nas escolas públicas a partir de terça-feira. A frota de ônibus circulará amanhã com um percentual de 60% a 80% dos veículos nas ruas. Neste domingo, a circulação, que normalmente ocorre com frota reduzida, está normal. 

Acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) permitiu, segundo o prefeito, que fossem abastecidos veículos destinados a serviços essenciais com 1 milhão de litros de combustível. O prefeito descartou a necessidade de decretar ponto facultativo ou feriado amanhã. Ele apelou para que os paulistanos doem sangue ao Hospital das Clínicas (HC). A cidade ainda continua, entretanto, sob estado de emergência. 

Rio de Janeiro 

A cidade do Rio de Janeiro permanece em estágio de atenção. O Centro de Operações da prefeitura do Rio diz que, com a manutenção da greve dos caminhoneiros, o desabastecimento de combustível “afeta drasticamente a mobilidade no município”. Em uma escala de três, o estágio de atenção está no segundo nível e significa que um ou mais incidentes impactam, no mínimo, uma região, provocando reflexos relevantes na mobilidade. 

Parte do BRT, sistema de ônibus expresso do Rio de Janeiro, voltou a funcionar. Outras linhas continuam sem operar. Hoje, 13% da frota estão nas ruas – o normal aos domingos é 23%. 

Por falta de combustível, o transporte de barcas entre o Rio e Niterói foi totalmente suspenso no sábado – e neste domingo verifica-se a mesma situação nesta linha, que é a principal. Outras operam com capacidade reduzida. 

Metrô e VLT, que não dependem de diesel, mas de energia elétrica, funcionam normalmente. Nos trens da Supervia, os ramais Deodoro, Japeri, Belford Roxo, Santa Cruz e Santa Cruz operam normalmente. Mas não há circulação nas extensões Guapimirim e Vila Inhomirim, operadas por locomotivas movidas a óleo diesel. 

O Exército disponibilizou um contingente de soldados para dar apoio à Polícia Militar (PM) na segurança em torno da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), que começa a reabastecer a capital, o estado e diversos estados. 

Todas as universidades federais no Rio de Janeiro e também a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) decidiram não funcionar nesta segunda-feira (28), por conta dos reflexos da greve dos caminhoneiros. As informações foram publicadas nos portais das instituições na internet. 

A rede de educação do município do Rio poderá ter ponto facultativo a partir da próxima terça-feira, pela falta de merenda. A informação foi divulgada pelo prefeito, Marcelo Crivella. A entrega dos alimentos é feita por empresas terceirizadas e só há comida para as crianças até amanhã. 

 

*Colaboraram Vladimir Platonow e Elaine Patricia Cruz // Texto ampliado às 13h05

 

Edição: Juliana Andrade

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