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Reitor quer laudo da UFRJ detalhado, sistemático e refinado

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 03/09/2018 - 14:39
Rio de Janeiro
Um incêndio de proporções ainda incalculáveis atingiu, no começo da noite deste domingo (2), o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na zona norte da capital fluminense
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, quer que a universidade faça um laudo sistemático, detalhado e refinado para determinar a origem do incêndio que destruiu o Museu Nacional. “Queremos que o laudo da UFRJ seja mais sistemático, mais detalhado e refinado, porque temos que identificar e explicitar o melhor possível uma situação que tem repercussão cultural mundial”.

Os laudos serão feitos pela Polícia Federal e por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em conjunto com o Corpo de Bombeiros.

Esse não é um problema específico da UFRJ, destacou o reitor. Ele lembrou que o acervo do Museu Nacional não só abordava a memória de Portugal, dos povos indígenas, como a herança cultural do Brasil, desde o período colonial, passando pelo Império, até os princípios da República, sem falar nos bens culturais de outros povos, como os egípcios. Leher salientou que o museu foi visitado por pesquisadores renomados, como o físico Albert Einstein, em 1925. Foi lá também que se realizou a primeira Assembleia Constituinte do país, entre novembro de 1890 e fevereiro de 1891. “O acervo (do museu) tem uma importância única”, ressaltou Leher.

Rescaldo

Equipes do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) trabalham em conjunto com técnicos do Museu Nacional na operação de rescaldo, para ver o que sobrou de todo o acervo do equipamento. “À medida que a Polícia Federal e os bombeiros autorizarem o acesso a determinadas áreas, nós vamos iniciar o processo de busca e análise da possibilidade de termos preservação de algum tipo de acervo da museologia”. Leher acredita que boa parte desse acervo pode estar preservado. A mesma perspectiva não ocorre, porém, em relação ao acervo de entomologia (estudo dos insetos) e etnografia (estudo das diversas etnias), que foi fortemente atingido pelo incêndio.

Hoje à tarde, o reitor abordará o tema da recuperação do Museu Nacional com os ministros da Cultura, Sérgio Sá Leitão, e da Educação, Rossieli Soares. Amanhã (4), às 11h, ele terá reunião com a bancada federal do Rio de Janeiro, em Brasília. Leher está tentando também agendar audiência com o presidente da República, Michel Temer, “tendo em vista ao alcance e a dimensão do fato tão devastador e grave”.

Recursos

A UFRJ já está montando um grupo de estudos para dimensionar a ordem de grandeza dos recursos que serão necessários para a reconstrução do Museu Nacional. Roberto Leher destacou que a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2019 já está em votação e os recursos necessários à recuperação do museu têm de estar provisionados.

“Porque, sem esse provisionamento, as palavras vão ser levadas pelo vento”. Segundo o reitor, isso aconteceu quando houve o incêndio na Capela São Pedro de Alcântara, da UFRJ, na Urca, zona sul do Rio. A capela foi construída em 1850. Leher lembrou que naquela ocasião muitas entidades manifestaram solidariedade e preocupação, prometeram ajuda, “mas, muitas vezes, essa ajuda não se materializa”, Por isso, disse que a consignação das proposições na lei orçamentária é um ponto decisivo para a UFRJ.