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Unidos da Tijuca promete levar mensagem de amor ao Sambódromo

Escola encerra os desfiles do Grupo Especial
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasília
Publicado em 01/03/2019 - 07:00
Rio de Janeiro
Detalhes de fantasias da Unidos da Tijuca, no barracão da agremiação na Cidade do Samba.
© Tomaz Silva/Agência Brasil
Detalhes de fantasias da Unidos da Tijuca, no barracão da agremiação na Cidade do Samba.
© Tomaz Silva/Agência Brasil

A Unidos da Tijuca vai encerrar os desfiles de domingo do Grupo Especial e promete uma apresentação de impactos. A sétima escola a entrar na avenida vai levar ao público o enredo Cada macaco no seu galho. Ó, meu Pai, me dê o pão que eu não morro de fome e quer mostrar uma mensagem de amor ao próximo.

Na sinopse do enredo, a Tijuca explica que a expressão cada macaco no seu galho “nem de longe lembra o significado primitivo do termo, que era usado para discriminar a população negra”. No contexto do desfile significa cada um fazendo o que lhe cabe em busca de uma sociedade melhor.

O enredo foi desenvolvido pela comissão de carnaval que tem como diretor Laíla e ainda os carnavalescos Annik Salmon, Hélcio Paim, Marcus Paulo e Fran Sérgio.

A Tijuca, que teve carnavais marcados por alegorias vivas em que os componentes se movimentavam e chegavam a mudar a estrutura de cada uma, vai para a avenida este ano com uma novidade. Antes de cada carro alegórico virá um grupo de componentes fazendo teatralizações conforme a parte do enredo. O número de integrantes varia entre 28 e 80.

“Tem um ato que são com 80 negros numa encenação bem forte. Tem outro que é a peregrinação de Cristo, que são 30 pessoas. O ato pede uma quantidade específica para demonstrar melhor a parte do enredo”, adiantou Jan Oliveira, responsável pela preparação dos atos cênicos.

Encenação

Para o ator, diretor, coreógrafo e dançarino, o público vai se surpreender com as encenações. “Chama atenção da arquibancada que acaba vendo com outros olhos e entende melhor o enredo, porque os componentes falam corporalmente o que se pretende contar. Vai ser bem impactante. São coisas bem fortes de se ver”, afirmou.

Jan chegou à Tijuca atendendo a um convite de Laíla, depois de o diretor deixar, no ano passado, a Beija-Flor, onde já tinham trabalhado juntos. Jan fez encenações semelhantes nos desfiles da azul e branco de Nilópolis em 2017 e em 2018.

O carnavalesco Fran Sergio da Unidos da Tijuca, fala no barracão da agremiação na Cidade do Samba.
Carnavalesco Fran Sergio, da Unidos da Tijuca, na Cidade do Samba. - Tomaz Silva/Agência Brasil


Segundo Jan, os componentes da escola compraram a ideia. “No início acharam tudo muito diferente e ficaram acanhados, porque representar é diferente de dançar em uma ala coreografada, mas descobriram que podem fazer outras figuras na avenida e representar somente com o corpo. Para eles acabou sendo um desafio”, disse.

Alguns componentes dos atos já atuaram nas apresentações anteriores, mas integrantes da Tijuca também pediram para participar. A dificuldade foi juntar tanta gente com horários diferentes para ensaiar.

Criatividade

A falta de alguns materiais para confeccionar as alegorias e fantasias obrigou os carnavalescos a usarem ainda mais de criatividade, o que ajudou também a driblar a queda de recursos financeiros. “A gente usou muita palha, muita cesta, muita espuma”, disse o carnavalesco Fran Sérgio.

De acordo com ele, a Tijuca vai surpreender em vários momentos, principalmente, porque fala da fé. “No meio do desfile da Unidos da Tijuca é onde vem a figura de Jesus Cristo de várias formas. Isso para mim é o que vai surpreender no amanhecer. Vai ser a sétima do desfile que começa no domingo, trazendo essa temática tão profunda com o dia clareando”, disse.

Fran Sérgio lembrou que o público costuma aguardar o desfile da escola mesmo sendo a última a entrar na avenida. “As pessoas sempre esperam a Tijuca, ainda mais com esse tema, todo mundo vai ficar lá para ver o que a Tijuca vai trazer”, completou.

Para o carnavalesco, a intenção foi fazer um enredo que tocasse o coração das pessoas. “O amor é a solução para as mazelas sociais. Está tendo muito ódio e muita desunião. Isso é falta de amor. Então a Tijuca traz a mensagem do filho de Deus, a mensagem de Jesus Cristo que é o pão da vida. A gente traz isso para a avenida, amor, caridade, igualdade”, afirmou.

Detalhes de fantasias da Unidos da Tijuca, no barracão da agremiação na Cidade do Samba.

Carnaval 2019: barracão da Unidos da Tijuca, por Tomaz Silva/Agência Brasil

Samba

Segundo Fran Sérgio, na briga pelo título, a Tijuca tem no samba um ponto forte. “Fala da situação que o país vive, da fome, das pessoas que ainda hoje não têm pão na mesa para comer. Não é só dizer que os políticos não fazem o que têm que fazer. A gente está fazendo? A gente tem mais amor pelo outro ou não? Você faz caridade? É uma mensagem realmente de Deus que a Tijuca traz”, argumentou.

Uma prova de que o samba se tornou popular é a lotação da quadra da escola nos ensaios. “A Tijuca está preparada para fazer um grande espetáculo e emocionar todo mundo. Os componentes compraram o samba. Quem vem ao ensaio da Tijuca se arrepia todo. É avassalador. É divino. A Tijuca vai vir assim: divina”, afirmou.