Novo caça Gripen F-39E é apresentado a autoridades em Brasília
Depois de sobrevoar Brasília na última sexta-feira (23), o novo caça F-39E, da fabricante sueca Saab, foi apresentado a autoridades nesta noite na Base Aérea de Brasília. O presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, assistiram ao evento, mas não falaram com a imprensa.
O vice-presidente Hamilton Mourão, ministros do governo e os comandantes das três Forças Armadas também participaram da apresentação. A embaixadora da Suécia no Brasil, Johanna Brismar Skoog, esteve no evento.
O avião apresentado é o primeiro dos 36 caças que serão entregues à Força Aérea Brasileira até 2026. Os 13 primeiros estão sendo fabricados na Suécia, oito terão a produção iniciada na Suécia e concluída no Brasil. Os 15 últimos caças serão fabricados integralmente no Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen numa unidade da Embraer, em Gavião Peixoto (SP).
Para o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do Ar Antonio Carlos Bermudes, a escolha dos caças Gripen apresentou a melhor relação custo-benefício, ao serem mais baratos que os concorrentes e envolver acesso irrestrito aos armamentos e transferência de tecnologia e conhecimento para o Brasil.
“Enaltecemos o mútuo respeito entre Brasil e Suécia, nações amigas que firmaram interesse mútuo em manter uma parceria industrial e tecnológica em matéria de defesa que contribuirá para o fortalecimento de uma política de alianças estratégicas para viabilizar um projeto moderno, versátil e inovador”, declarou Bermudes.
O presidente da Saab, Micael Johansson, disse considerar o Brasil um mercado estratégico para a empresa porque, no futuro, a indústria brasileira poderá vender aeronaves para outros países. Ele destacou que o acordo com o Brasil representou o maior esforço de transferência de tecnologia para outro país feito pela Saab.
“É uma colaboração importante. Não estamos falando só de entregar 36 aeronaves para o Brasil, mas uma colaboração entre as indústrias, entre Forças Aéreas e países, para fortalecer a colaboração entre Brasil e Suécia por muito tempo ainda. Posso garantir que, como país, nosso compromisso é longo com esse programa”, declarou.
Avião
Cada avião leva dois anos para ser produzido, com linhas de montagem distintas na Suécia e no Brasil. As configurações serão diferenciadas porque os caças brasileiros terão equipamentos diferentes dos caças suecos. Todas as 36 unidades ficarão sediadas na Base Aérea de Anápolis (GO).
Desenvolvido em conjunto pela Saab e por diversas empresas brasileiras em conjunto, como a Embraer, Akaer, AEL, Atech e outras, o Gripen F-39E é monoposto, com apenas um assento. O Gripen F, com dois assentos, ainda está em desenvolvimento. Capaz de atingir duas vezes a velocidade do som e suportar até nove vezes a força da gravidade durante manobras, as aeronaves poderão executar missões de defesa aérea, de ataque e de reconhecimento no mesmo voo, sem necessidade de retorno à base.
Com 15,2 metros de comprimento e 8,6 metros de largura, o modelo brasileiro do Gripen conseguirá, segundo a Aeronáutica, voar os 4.387 quilômetros que separam o Monte Caburaí (RR) e o Arroio Chui (RS), extremos do Brasil, sem a necessidade de reabastecimento.
O radar de última geração facilitará o monitoramento do espaço aéreo e a defesa das fronteiras, permitindo ataques a alvos aéreos, marítimos e terrestres 24 horas por dia, sob quaisquer condições meteorológicas. Cada avião tem capacidade para 6,5 toneladas de armamentos.
Histórico
O processo de substituição dos atuais caças F35 começou em 2010, com a realização de pesquisas e de uma concorrência para a escolha da aeronave. Em dezembro de 2013, a Saab foi escolhida. A parceria começou, de fato, em 2014, com a assinatura do contrato para desenvolvimento e produção de 36 aeronaves Gripen E/F para a Força Aérea Brasileira, incluindo sistemas, suporte e equipamentos. Um amplo programa de transferência de tecnologia, que está sendo executado em um período de dez anos, está impulsionando o desenvolvimento da indústria aeronáutica local por meio das empresas parceiras que participam do programa Gripen Brasileiro.
No decorrer desse período, mais de 350 técnicos e engenheiros brasileiros participarão de treinamentos teóricos e práticos, na Suécia, para adquirirem o conhecimento necessário para a execução das mesmas tarefas no Brasil. Até o momento, mais de 230 profissionais já concluíram os cursos. A maior parte deles está de volta ao país trabalhando no Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (GDDN, na sigla em inglês).
*Matéria atualizada às 16h20 de 29 de outubro para correção de informações sobre os dados técnicos do Gripen E/F.