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Parada LGBTI+ do Rio prepara volta após pandemia e dificuldades

Evento de 2023 já tem data agendada: 24 de setembro
Vinícius Lisboa - repórter da Agência Brasil
Publicado em 18/09/2022 - 14:24
Brasília
Parada Gay, São Paulo, 2019. REUTERS/Nacho Doce
© Nacho Doce/Reuters /Direitos Res

Depois de dificuldades financeiras e dois anos de pandemia, a Parada LGBTI+ de Copacabana, no Rio de Janeiro, voltará a colorir a orla do bairro carioca em 27 de novembro deste ano, anunciou nesta semana o Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+, organizador do evento. Presidente da entidade, Cláudio Nascimento destaca que o evento terá um papel especial neste ano para lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais, já que a pandemia foi um período de acirramento de violências e aumento das desigualdades.

"Mesmo nos momentos de discussão da insegurança alimentar, acabávamos no fim da fila. Entendemos que agora é um momento estratégico e importantíssimo para trabalhar a questão da saúde mental e da inclusão da população LGBTI+, e de retomada e ocupação das ruas, porque isso fortalece a autoestima de um coletivo e de cada indivíduo que vai estar no evento".

Além de anunciar a data da 27ª edição da parada neste ano, o Grupo Arco-Íris divulgou que, em 2023, a 28ª edição será em 24 de setembro. Nascimento explica que a ideia é gerar mais credibilidade e permitir que a população, os turistas e a indústria do turismo se programem, já que as últimas edições da parada, em 2017, 2018 e 2019, enfrentaram dificuldades financeiras causadas pelo corte do patrocínio e do apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro.

"A gente passou por quatro anos de muitas dificuldades. O evento foi muito fragilizado por essa postura institucional", disse Cláudio. "Isso impediu que a parada crescesse muito mais. Uma parada com todas as dificuldades do governo anterior levava 1,2 milhão de pessoas a Copacabana. Imagine um evento feito com antecedência, com estruturação bacana e envolvimento de diversos atores da sociedade".

A programação da parada deste ano vai contar com atividades culturais ao longo do mês de novembro, como cinema, teatro e apresentações musicais, além de discussões sobre diversos temas, como economia, política e cultura. Entre as novidades, uma que ainda é mantida em segredo deve envolver a gigantesca bandeira arco-íris da parada, que tem 124 metros de comprimento por 10 de largura.

Além do apoio da prefeitura, Cláudio Nascimento já conversa com patrocinadores privados, mas afirma que as empresas cariocas precisam se envolver mais com a causa. 

"Está na hora de as empresas no Rio de Janeiro atuarem mais próximas do evento, como já acontece em São Paulo há algum tempo", disse. "Esse evento é importante para o enfrentamento da discriminação e para a construção de um novo marco civilizatório, em que as diferenças não sejam um instrumento para desigualdades, mas para ser celebradas como uma possibilidade plural das existências humanas. A diferença é potência, ela não pode ser conflito ou disputa".

A reaproximação com a Parada LGBTI+ de Copacabana é um movimento para mostrar que a prefeitura se importa com a pauta, afirma o secretário municipal de turismo, Antônio Mariano, que destaca que o ato está no top 5 dos grandes eventos da cidade, ao lado do Réveillon, do Carnaval e do Rock in Rio. Com a antecedência para a organização do ato em 2023, ele acredita que haverá um número maior de turistas estrangeiros participando do evento. 

"O Rio de Janeiro teve muitos turistas internos, do Brasil, do inicio do ano até agora. Com a redução das medidas sanitárias a nível global, a tendência é ter mais turistas estrangeiros. E esse turista não resolve pra onde vai tirar férias da noite para o dia".   

O secretário acrescenta que o Rio de Janeiro é reconhecido internacionalmente como um destino turístico que acolhe a diversidade, e por isso está na lista das cidades preferidas de turistas LGBTI+. A Parada LGBTI+ de Copacabana, por sua vez, também tem visibilidade internacional.

"O turista LGBT, em especial, é um turista que tem um potencial de gasto maior que o turista não LGBT, porque ele costuma ficar em lugares mais caros, ir a lugares mais caros, ter experiências mais caras, então, ele acaba girando mais essa roda", disse.  "Para nós, é importante nesse sentido também, além de ser reconhecido como uma cidade diversa e inclusiva, que respeita os outros". 

O coordenador da Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual (CEDS) da Prefeitura do Rio de Janeiro, Carlos Tufvesson, afirma que se reunirá com os órgãos municipais de diversas áreas para que seja definido como se dará a promoção de políticas públicas durante a parada. 

"Posso adiantar que nossa gestão sempre viu a Parada como uma excelente aproximação dos serviços da Prefeitura Rio do cidadão e cidadã lá presente", afirma ele, que afirma que a reaproximação com a parada faz parte da retomada do programa Rio Sem Preconceito. "Isso inclui o apoio e, mais do que isso, a participação dos órgãos da Prefeitura Rio atendendo os cidadãos e cidadãs na Parada LGBT do Rio".

O coordenador da CEDS, lembra que a Parada LGBTI+ é um momento de luta contra o preconceito e a discriminação, e por um país mais igual em oportunidade para todos. "Acredito que, como vimos no Rock in Rio, na Parada teremos a volta do público presente”, disse.