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Internacional

OMS denuncia que países cultivam tabaco onde as pessoas morrem de fome

Relatório alerta para riscos à saúde de quem cultiva a planta
RTP*
Publicado em 26/05/2023 - 10:23
Lisboa
Mais de 90% dos produtores de tabaco do Brasil estão na Região Sul e têm pequenas propriedades
© Divulgação/Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra)
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou hoje que mais de três milhões de hectares de terras estão sendo usados em mais de 120 países para o cultivo de tabaco, incluindo países onde as pessoas morrem de fome.

Os dados foram divulgados às vésperas do Dia Mundial Sem Tabaco, na próxima quarta-feira (31), e constam do relatório Cultive alimentos, não tabaco, divulgado hoje (26), que reafirma os malefícios do cultivo de tabaco e os benefícios de culturas "mais sustentáveis para agricultores, comunidades, economias e ambiente".

Segundo o relatório da OMS, Brasil e Moçambique estão entre os países que mais cultivam a planta de tabaco.

Segundo a agência da ONU, mais de 300 milhões de pessoas no mundo "enfrentam insegurança alimentar aguda" e os dados do relatório mostram que as áreas de plantação de tabaco estão se expandindo na África, tendo aumentado quase 20% entre 2005 e 2020.

O relatório Cultive alimentos, não tabaco destaca que Brasil, China e Índia contribuem para mais da metade (mais de 55%) do cultivo mundial de tabaco. No topo do ranking dos países mais produtores estão, ainda, Indonésia, Malaui, Moçambique, Turquia, Tanzânia, Estados Unidos e Zimbabue.

A OMS assinala que a cultura do tabaco causa doenças aos agricultores e que mais de um milhão de crianças que trabalham nas plantações "estão perdendo a oportunidade de estudar".

"O tabaco não é só uma grande ameaça para a insegurança alimentar, mas também para a saúde em geral, incluindo a saúde dos produtores de tabaco. Os agricultores estão expostos a pesticidas, fumaça [no processo de cura das folhas] e a tanta nicotina quanto a detetada em 50 cigarros", salientou o diretor para a Promoção da Saúde da OMS, Ruediger Krech, citado no comunicado, alertando para problemas de saúde como doenças pulmonares crônicas e envenenamento por nicotina.

Diante dos malefícios do consumo de tabaco, a Organização Mundial da Saúde exorta os governos a pararem de subsidiar o cultivo da planta e a apoiarem culturas agrícolas mais sustentáveis que "poderiam alimentar milhões" de pessoas.

"O tabaco é responsável por oito milhões de mortes por ano. Contudo, os governos no mundo gastam milhões plantações de tabaco", denunciou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado no mesmo comunicado, frisando que ao optar-se por cultivar alimentos em vez da planta prioriza-se a saúde, preservam-se os ecossistemas e fortalece-se a "segurança alimentar para todos".

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