Prefeito de Caracas é preso; Maduro promete rigor contra conspiradores
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou hoje (20) que o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, da oposição, vai ser alvo de um processo judicial por conspirar contra o governo, prometendo “mão dura” contra os conspiradores.
"Por ordem do Ministério Público, ele foi capturado e será processado pela Justiça venezuelana para que responda pelos delitos cometidos contra a segurança do país", disse Maduro, no Palácio Presidencial de Miraflores, durante reunião com representantes dos conselhos presidenciais do poder popular, transmitida pela televisão estatal.
"Vai haver justiça, caia quem cair. Quem estiver por trás [de uma conspiração] tem que ir preso e vai pagar na cadeia. Não vou ser tolerante com aqueles que conspiram contra o país", destacou o presidente venezuelano.
Nicolás Maduro advertiu os opositores de que o chavismo "vai com tudo" contra quem tomar "atalhos" e voltou a insistir que existe um plano dos Estados Unidos para derrubar o governo.
A coligação opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) acusou hoje o governo venezuelano de tentar colocar na ilegalidade a oposição, ao deter o líder do partido Alternativa Democrática, Antonio Ledezma.
"Constatamos a patética demonstração de debilidade que o governo venezuelano está dando perante a erosão do seu apoio popular. O governo optou por um atalho, pela violência e tenta ilegalizar a oposição democrática", disse o secretário da MUD, Jesus Torrealba.
Em entrevista em Caracas, Jesus Torrealba denunciou que o prefeito foi "brutalmente detido" na quinta-feira e que, no momento, "não há informação oficial sobre o seu paradeiro".
A detenção de Antonio Ledezma, líder do partido Alternativa Democrática, ocorreu nessa quinta-feira (19), um ano depois da detenção do também membro da oposição Leopoldo López, dirigente do partido Vontade Popular.
Mtizy Capriles de Ledezma, mulher do prefeito, disse à imprensa que ele foi detido por mais de 30 funcionários do serviço secreto que entraram em seu gabinete, na Torre Exa, em Chacao, na zona leste de Caracas e o levaram à força. "Responsabilizo, de maneira total e absoluta, [Nicolás] Maduro por qualquer coisa que aconteça a Antonio Ledezma", afirmou.
Em sua conta no Twitter, o ex-presidente do Chile Sebastián Piñera escreveu que "a detenção, ilegal e abusiva confirma os múltiplos atentados contra as liberdades, a democracia e os direitos humanos por parte do governo do presidente Maduro".
Piñera pediu "respeitosamente ao governo do Chile que levante claramente a sua voz em defesa das liberdades, da democracia e dos direitos humanos na Venezuela".
O ex-presidente da Colômbia Andrés Pastrana também lamentou a "detenção arbitrária". "Acompanhamos os irmãos venezuelanos neste momento difícil", disse.
A detenção ocorreu sete dias depois de António Ledezma, Leopoldo López e a opositora Maria Corina Machado apelarem aos venezuelanos para apoiar um Acordo Nacional para a Transição no país.
No dia 13, sete militares da Força Aérea foram detidos pelas autoridades por suposto envolvimento em um plano para um golpe de Estado, com o apoio de vários opositores.
A detenção foi anunciada pelo próprio presidente venezuelano, que acusou os rebeldes de ter instruções para "gravar um vídeo" de um "general golpista que está preso" para depois, "com um avião Tucano, bombardear o Palácio do Governo", as sedes do Ministério da Defesa, Interior e Justiça, e do canal de televisão Telesur.