Chanceler cubano reitera necessidade de suspensão de embargo americano
Após reunião com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, no Departamento de Estado, em Washington, o chanceler cubano Bruno Rodríguez disse hoje (20) que Havana reconhece a determinação do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em trabalhar para suspender o embargo econômico a Cuba, imposto em 1962.
“Reiteramos a urgência de o Congresso [norte-americano] eliminar o embargo e pedimos ao presidente Obama que adote medidas executivas para modificar a implementação de alguns aspectos dessa política”, afirmou Rodríguez, em entrevista coletiva. Mais cedo, o chanceler participou da cerimônia de reabertura da embaixada cubana em Washington.
A bandeira cubana foi hasteada nesta segunda-feira em frente ao Departamento de Estado norte-americano, em Washington, em um gesto histórico que marca a retomada dos laços diplomáticos entre Cuba e Estados Unidos e a reabertura das embaixadas nas duas capitais, após 54 anos.
“Eu enfatizo que a suspensão total do embargo, a devolução do território ilegalmente ocupado de Guantánamo e a compensação ao nosso povo por prejuízos econômicos são cruciais para avançar na normalização das relações”, disse Rodríguez.
O chanceler reconheceu que a normalização das relações bilaterais será um processo longo e complexo. “Há profundas diferenças entre Cuba e Estados Unidos em relação às nossas visões sobre direitos humanos e em questões referentes ao direito internacional que vão persistir. Mas acreditamos que ambos os países podem cooperar e coexistir de maneira civilizada, baseada no respeito a essas diferenças.”
O restabelecimento oficial das relações diplomáticas entre os dois países, após mais de meio século de tensões herdadas da Guerra Fria, marca o fim da primeira fase desse processo, iniciado em 17 de dezembro do ano passado.
No final de maio, Washington suspendeu o principal obstáculo ao reatamento de relações diplomáticas ao retirar Cuba da lista norte-americana de países que apoiam o terrorismo.
As relações diplomáticas entre os dois países estavam suspensas desde 1961, após uma decisão do então presidente norte-americano Dwight Eisenhower, na sequência de uma aproximação dos revolucionários castristas com a União Soviética e do confisco dos bens norte-americanos na ilha caribenha.
Desde 1977, os dois países, separados pelo Estreito da Flórida (Sudeste dos Estados Unidos), estavam representados apenas por meio de seções de Interesses em Washington e Havana, encarregadas de tarefas consulares.