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Internacional

China mantém casa de viúva do Nobel da Paz Liu Xiaobo sob estrito controle

Da EFE
Publicado em 17/07/2017 - 11:27
Pequim
Agentes de segurança chineses vigiam casa de Lia Xiu, viúva do Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo, que morreu semana passada. Lia Xiu está há 7 anos em prisão domiciliar, sem ter sido acusada de nenhum crime
© How Hwee Young/ EFE
Agentes de segurança chineses vigiam casa de Lia Xiu, viúva do Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo, que morreu semana passada. Lia Xiu está há 7 anos em prisão domiciliar, sem ter sido acusada de nenhum crime

Agentes de segurança chineses vigiam casa de Lia Xiu, viúva do Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo, que morreu semana passada. Lia Xiu está há 7 anos em prisão domiciliar, sem ter sido acusada de nenhum crime How Hwee Young/ EFE

As autoridades da China mantêm sob férreo controle a residência do falecido ganhador do prêmio Nobel da Paz, Liu Xiaobo, e de sua viúva, Liu Xia, em Pequim, com vários agentes de segurança e um furgão policial em frente ao local, segundo constatou hoje (17) a Agência EFE.

Por enquanto, não se sabe onde a viúva está, e seu frágil estado de saúde preocupa seus amigos e familiares próximos, mas sua moradia em Pequim está sob estrita vigilância.

Vários repórteres tentaram ter acesso hoje a seu apartamento, mas foram bloqueados por um jovem em frente à entrada do edifício, que não se identificou e pediu aos jornalistas que solicitassem uma autorização ao pessoal responsável pelo condomínio.

Ao perguntar por que era necessário uma autorização para entrar no recinto, quando no restante do condomínio a entrada é livre, o jovem afirmou que era um "apartamento privado".

Depois, vários homens, que disseram pertencer à administração do condomínio (a maioria deles sem uniforme), ameaçaram os jornalistas e exigiram que eles apagassem as imagens que tinham feito deles e da parte externa do edifício. Os homens seguraram os jornalistas e os empurraram, antes de chamarem a polícia, e os agentes retiveram os repórteres durante meia hora para verificar suas credenciais.

Os integrantes das forças da ordem afirmaram que era necessária uma autorização especial para ter acesso ao edifício e exigiram que os jornalistas pedissem desculpas aos "seguranças" pelas fotografias. Ao ser questionada pela violência com que o caso foi tratado, a polícia insistiu que os repórteres estavam trabalhando de "forma ilegal" e que o grupo só estava "se defendendo" para proteger sua imagem.

A intimidação e perseguição aos jornalistas que estiveram cobrindo o caso do Nobel da Paz Liu Xiaobo, morto na última quinta-feira (17), foram uma constante, segundo denunciou em um recente comunicado o Clube de Correspondentes Estrangeiros da China.

Na cidade de Shenyang, onde o Nobel faleceu, vários homens seguiam cada jornalista que tinha se deslocado à cidade para cobrir o caso, até quando estes iam ao banheiro ou saiam para jantar, praticamente as 24 horas do dia.

Liu Xia, a viúva do Nobel e intelectual chinês, passou os últimos sete anos em prisão domiciliar sem ter sido acusada de nenhum crime e, neste período, tampouco foi permitida a visita de jornalistas e amigos a sua casa.

Após a morte do seu marido, um símbolo da luta pela democracia, seu círculo mais próximo teme agora que o regime continue submetendo Liu Xia a estrita vigilância para que não fale sobre o ocorrido.

Amigos próximos da família asseguram que estão há dias sem poder fazer contato com ela. A última vez que Liu Xia foi vista em público foi no sábado (15), na realização do funeral de Liu Xiaobo.

As autoridades informaram sobre a breve cerimônia que foi realizada para se despedir pela última vez do Nobel da Paz e mostraram várias fotografias de sua viúva junto à urna mortuária e no momento de lançar as cinzas ao mar.

Nelas, Liu Xia aparecia em um estado fragilizado, tendo que ser sustentada por outros, e notavelmente abalada.

Seus amigos e familiares mais próximos acreditam que as autoridades impuseram que o Nobel teria suas cinzas lançadas ao mar – uma prática pouco comum na China – para evitar a existência de um túmulo onde as pessoas poderiam rememorar sua batalha pacífica pela liberdade.