Acordo Mercosul-União Europeia avança, mas fica agora para 2018
A assinatura do acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul), que vem sendo negociado há quase 20 anos, foi adiada, nesta terça-feira (12), para o início do próximo ano. Até ontem, a ideia dos dois blocos era anunciar o acordo em Buenos Aires, no encerramento da 11ª Conferencia Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), na quarta-feira (13) ou, no mais tardar, no dia 21 deste mês, em Brasília.
O objetivo, segundo os negociadores, era dar uma sinalização aos 164 países-membros da OMC de que os dois blocos regionais estão comprometidos com a liberalização do comércio, em um momento de ressurgimento do protecionismo em todo o mundo.
Ontem, os ministros das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Faurie, e do Brasil, Aloysio Nunes, afirmaram que tudo estava sendo feito para fechar “o mais rapidamente possível” o acordo politico – primeiro passo para a implementação de medidas, reduzindo as barreiras comerciais entre os 28 países da UE e os quatro do Mercosul, que tem como membros efetivos a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai, com a Venezuela suspensa desde 2012 por questões políticas. Já os membros associados do Mercosul são a Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname, que poderão futuramente aderir ou não ao bloco.
Resposta europeia
Os blocos europeu e sul-americano já haviam colocado as suas ofertas na mesa. Na reunião desta terça-feira, o Mercosul deu mais um passo, ao mostrar à UE até onde poderia chegar, se o outro lado fizesse determinadas concessões. Apesar de a proposta ter sido bem acolhida, os negociadores europeus disseram que ainda não estavam prontos para dar uma resposta porque precisam de tempo para convencer o setor agrícola – que tem um peso politico importante na Europa e resiste a qualquer abertura de seu mercado para produtos externos.
Segundo fontes próximas aos negociadores, a assinatura do acordo deve ocorrer no início de 2018, mas não há data marcada. A diferença agora, explicam, é que os dois lados realmente querem liberalizar o comércio entre os blocos. De acordo com essas fontes, as negociações entre o Mercosul e a União Europeia foram lançadas nos anos 1990 como alternativa à Alca, um projeto dos Estados Unidos de integrar as economias das Américas que fracassou. Quando a Alca deixou de existir, as negociações entre a UE e o Mercosul foram paralisadas e só foram retomadas em 2010.
O acordo entre o Mercosul e a UE afetaria 90% do comércio entre os dois blocos. Essa etapa final das negociações coincide com uma mudança na politica dos Estados Unidos. Desde a sua posse, ha quase um ano, o presidente Donald Trump, há quase um ano, tem deixado claro que prefere negociações bilaterais às multilaterais, e que sua prioridade é defender os interesses norte-americanos.