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Internacional

Conferência da OMC tem desafio de avançar nas negociações multilaterais

Monica Yanakiew - Correspondente da Agência Brasil
Publicado em 10/12/2017 - 18:00
Buenos Aires
Buenos Aires (Argentina) - Presidente Michel Temer participa da 11ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (Marcos Corrêa/PR)
© Marcos Corrêa/PR

A Organização Mundial do Comércio (OMC) inaugurou neste domingo sua 11ª Conferência Ministerial, na capital argentina Buenos Aires. É a primeira vez que o evento é realizado em um país sul-americano desde a sua criação, em 1995. Nesta edição, é grande a expectativa para impedir a paralisação das negociações multilaterais entre os 164 membros da OMC e garantir a sobrevivência do órgão que regula o comércio internacional.

“A situação e de extrema preocupação”, disse o secretário-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevedo, em entrevista antes do inicio da conferência. “Não vou apontar o dedo [para um país]. O que precisamos é de um esforço coletivo para superar os problemas”, acrescentou.

O maior obstáculo, no momento, são os Estados Unidos, que bloquearam a nomeação de três dos sete juízes do Órgão de Apelação - uma espécie de Corte Suprema do comércio internacional. Já há algum tempo o governo norte-americano vem questionando o mecanismo de solução de controvérsias da OMC, especialmente depois de ter perdido vários processos. Agora, o presidente Donald Trump elevou o tom da crítica e já deixou claro que prefere negociações bilaterais às multilaterais.

Além das questões relativas às negociações, Azevedo também citou como um dos desafios a serem discutidos na conferência o efeito da evolução da tecnologia na produção industrial, que tem levado ao fechamento de fábricas e redução no número de empregos. Para o secretário-geral da OMC, a solução para esse problema não é o protecionismo.

“Na crise de 2008, os países não ergueram barreiras ao comércio como no passado porque a OMC garantia certa estabilidade”, disse Azevedo, referindo-se à Grande Depressão econômica, que teve inicio em 1929 e durou até a Segunda Guerra Mundial. A solução, argumentou, é avançar na abertura de mercado em outros setores como comércio eletrônico, ampliação do financiamento e de medidas para integrar melhor pequenas e médias empresas.

Os presidentes do Brasil, Uruguai e Paraguai viajaram à Argentina para a abertura da conferência da OMC e para um encontro posterior entre os chefes dos quatro países-membros do Mercosul. O bloco regional quer assinar, ainda na próxima semana, um compromisso político com a União Europeia (UE), com a qual está negociando um acordo de livre comércio.

Deportados

Às vésperas do encontro da OMC, a jornalista inglesa Sally Burc e o ativista norueguês Peter Titland denunciaram que foram deportado da Argentina. Ambos fazem parte do grupo de 60 pessoas cujo pedido de credenciamento para a reunião foi negado.

 Em entrevista, a ex-chanceler argentina Susana Malcorra, que presidirá a conferência ministerial, negou que o país estivesse querendo limitar a participação de organizações não-governamentais ou da sociedade civil. Ela lembrou que 600 pessoas tiveram seu credenciamento aprovado, número superior ao das 60 vetadas.