Grupo de Lima condena decisão do governo venezuelano de antecipar eleições
O Brasil e mais 13 países do continente americano condenaram a decisão do governo venezuelano de realizar até o próximo dia 30 de abril as eleições presidenciais venezuelanas, inicialmente previstas para o final do ano. A antecipação favoreceria o atual governo de Maduro, por reduzir o tempo da oposição para se organizar e fazer campanha.
Em declaração conjunta, emitida nesta terça-feira (23), os países do chamado Grupo de Lima exigem que o processo de sucessão do presidente Nicolas Maduro seja convocado “com uma adequada antecipação”, de forma a permitir participação “de todos os atores políticos venezuelanos” e também de “observadores internacionais independentes”.
O documento foi divulgado após uma reunião na capital do Chile, Santiago, para discutir justamente a crise na Venezuela. Participaram do encontro, os chanceleres e representantes de Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia. O Grupo de Lima foi criado em agosto do ano passado após reunião para pressionar em favor da democracia na Venezuela, logo depois de o país instalar a Assembleia Nacional Constituinte.
Na terça-feira (23), Maduro disse que está pronto para disputar a reeleição – apesar de não ter conseguido resolver a grave crise do país, que enfrenta desabastecimento e hiperinflação. “Se dependesse de mim, as eleições seriam no próximo domingo”, afirmou.
A antecipação das eleições, decidida pela Assembleia Nacional Constituinte (que é 100% governista), favorece o governo. A oposição, que em 2017 organizou meses de protestos contra Maduro, está dividida entre aqueles decididos a boicotar qualquer iniciativa do governo, por considerá-lo uma ditadura, e os que ainda buscavam uma saída negociada para a crise.
A data das eleições presidenciais era um dos temas dessa última rodada de negociações entre o governo e a oposição, que estava sendo realizada em Santo Domingo, capital da República Dominicana. Ao tomar conhecimento de que a votação tinha sido marcada, apesar da falta de acordo entre as partes, o México anunciou sua saída da mesa de diálogo, da qual participava como mediador.
“O anúncio de hoje em Caracas é lamentável porque acaba com a seriedade do processo de negociação na (República) Dominicana”, escreveu o chanceler mexicano Luis Videgaray Caso, na sua conta do Twitter. “A data da eleição era uma das coisas mais importantes que estavam sendo negociadas e não havíamos chegado a um acordo a respeito”.