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Internacional

Secretário-geral da OEA comemora decisão sobre Venezuela

Ministro brasileiro, de outro lado, diz que abstenção ainda está alta
Paola De Orte - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 05/06/2018 - 23:26
Washington (EUA)
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, participa da abertura do 48º Período Ordinário de Sessões da Assembleia Geral da OEA
© Arthur Max/Ministério das Relações Exteriores

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, comemorou a aprovação do processo de suspensão da Venezuela e afirmou que “depois de tanto falar em fracassos, todos nossos objetivos foram alcançados”, em uma referência às tentativas anteriores de aprovar resoluções condenando a Venezuela. De outro lado, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, afirmou que o grande número de abstenções mostra que a organização está “bastante dividida”.

A decisão foi feita por meio da aprovação de uma resolução proposta por Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Estados Unidos, México, Peru, Paraguai, Guatemala e Costa Rica. No total, 19 países votaram a favor da resolução, 4 contra, e 11 se abstiveram. Próximo passo é convocar assembleia extraordinária para votar a proposta.

O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, participa da abertura do 48º Período Ordinário de Sessões da Assembleia Geral da OEA
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, participa da abertura da Assembleia Geral da OEA (Arthur Max/Ministério das Relações Exteriores)

“A maioria afirma a importância da democracia, que o que aconteceu na Venezuela representa uma ruptura dos compromissos que a Venezuela assumiu quando assinou a carta democrática da OEA, mas existe um número considerável de países que não acompanha esse entendimento”, afirmou.

Perda de aliados

O ministro brasileiro também comentou o fato de que muitos países do Caribe, tradicionais aliados da Venezuela, não se opuseram à resolução. “É a evidência de que a crise politica, a falta de liberdade, está levando à deterioração da situação econômica, à destruição do aparelho produtivo, à crise humanitária” e de que esses países entenderam que “é preciso fazer alguma coisa para deter a marcha”.

Ainda assim, Nunes afirmou que, se a votação para suspensão ocorresse hoje, “não haveria número para determinar a suspensão da Venezuela e nem condições jurídicas para isso”, já que seria preciso que houvesse uma Assembleia especialmente convocada para discutir o tema.

“Resolução Pence”

Já o representante da Venezuela, Jorge Arreaza, chamou o texto de “resolução Pence”, em uma referência às gestões do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, para iniciar a discussão sobre a suspensão. “A Resolução Pence é uma fraude em forma e fundo”, disse, e afirmou que o documento “é uma carta branca aos Estados Unidos para continuar agredindo a Venezuela”.