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Internacional

Erdogan: sauditas deram ordem para matar Khashoggi

Agência EFE
Publicado em 02/11/2018 - 18:48
Washington
Dissidente saudita Jamal Khashoggi fala em evento em Londres, em agosto
© Reuters/Direitos Reservados
Agência EFE

O presidente da Turquia, Recep Tayip Erdogan, afirmou hoje (2) que seu governo tem certeza de que a ordem para matar o jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado nas dependências do consulado saudita em Istambul, "veio dos mais altos níveis" do governo de Riad, capital da Arábia Saudita.   

Em uma coluna publicada nesta sexta-feira no jornal The Washington Post, Erdogan declara que o reino saudita deve responder muitas perguntas sobre o que aconteceu com o jornalista, um duro crítico do príncipe herdeiro Mohammad bin Salman.

Dissidente saudita Jamal Khashoggi fala em evento em Londres
 29/9/2018   Divulgação
Jamal Khashoggi desapareceu no dia 2 de outubro, depois de entrar na embaixada saudita em Istambul, na Turquia   (Handout via REUTERS/direitos reservados)

"Sabemos que os autores se encontram entre os 18 suspeitos detidos na Arábia Saudita. Também sabemos que essas pessoas vieram cumprir ordens: matar Khashoggi e partir. Finalmente, sabemos que a ordem de matar Khashoggi veio dos níveis mais altos do governo saudita", disse o presidente turco.

No entanto, apesar dessa certeza, Erdogan considerou que a identidade do autor do assassinato é uma dessas perguntas sem resposta.

"Como membros responsáveis da comunidade internacional, devemos revelar as identidades dos títeres por trás do assassinato de Khashoggi e descobrir àqueles nos quais os funcionários sauditas, que ainda tentam acobertar o assassinato, depositaram sua confiança", acrescentou o presidente turco.

Em seu artigo de opinião, Erdogan não menciona o príncipe saudita, mas diz que não acredita que o rei Salman bin Abdulaziz tenha dado a ordem de matar Khashoggi.

"Enquanto continuamos buscando respostas, eu gostaria de enfatizar que a Turquia e a Arábia Saudita desfrutam de relações amistosas. Não acredito nem por um segundo que o rei Salman, custódio das sagradas mesquitas, tenha ordenado o golpe contra Khashoggi", destacou.

"Portanto, não tenho nenhuma razão para crer que seu assassinato refletisse a política oficial da Arábia Saudita", completou.

Dúvidas

Erdogan reiterou também que restam muitas dúvidas para solucionar o assassinato, inclusive onde está o corpo e quem é o suposto "colaborador local" a quem, segundo os sauditas, foram entregues os restos de Khashoggi.

"Infelizmente, as autoridades sauditas se negaram a responder essas perguntas", escreveu Erdogan.

"Alguns parecem esperar que este 'problema' desapareça com o tempo. Mas seguiremos fazendo essas perguntas, que são cruciais para a investigação criminal na Turquia, mas também para a família e os entes queridos de Khashoggi", ressaltou.

O presidente turco lembrou ainda que a Turquia compartilhou provas com seus aliados, incluindo os Estados Unidos, "para garantir que o mundo siga fazendo as mesmas perguntas" até elucidar o ocorrido, e advertiu das consequências de que algo similar volte a acontecer no território de um país membro da Otan.

Khashoggi, residente da Virgínia (EUA) e colunista do The Washington Post, foi assassinado no dia 2 de outubro quando foi ao consulado da Arábia Saudita em Istambul para obter documentação para seu casamento com sua noiva, de nacionalidade turca.

*Matéria ampliada às 14h45 do dia 05/11