Parte da Índia é interditada após propagação de coronavírus
A polícia impôs interdições em grandes partes da Índia nesta terça-feira e toques de recolher em alguns locais. As autoridades de saúde alertam que o coronavírus está se propagando das grandes metrópoles onde surgiu para cidades pequenas.
O país já cortou as ligações aéreas internacionais, e os voos domésticos serão interrompidos à meia-noite na tentativa de deter a disseminação.
O primeiro-ministro, Narendra Modi, deve fazer um pronunciamento à nação de 1,3 bilhão de habitantes pela segunda vez em uma semana para falar dos riscos do vírus, que surgiu na China no final do ano passado e se espalhou em 194 países.
A Índia detectou 485 casos de coronavírus, e nove pessoas morreram de covid-19. A região está cada vez mais alarmada com a perspectiva de proliferação da doença em comunidades empobrecidas e com a capacidade dos setores de saúde pública escassos de recursos para lidar com o vírus.
Uma autoridade de saúde de Maharashtra, Estado do oeste indiano, disse que casos novos começam a aparecer em cidades pequenas depois de uma primeira onda emergir em grandes metrópoles como Mumbai.
"Esta tendência é preocupante, já que áreas rurais têm uma infraestrutura limitada para lidar com o surto", disse a autoridade estadual de saúde, que não quis se identificar dizendo não estar autorizada a falar com jornalistas.
Estados têm imposto suas próprias interdições, cancelando serviços de trens e ônibus e ordenando a suspensão da circulação nas ruas.
Cerca de três quartos do país estava interditado nesta terça-feira, e a maior parte restante deve seguir o exemplo até o final do dia.
Uma nova preocupação no Punjab, estado do norte, é o risco de infecção de 90 mil indianos no exterior que voltaram para suas terras natais, disse a principal autoridade de saúde do governo estadual, Balbir Singh Sidhu.
Muitas pessoas do Punjab moram no Reino Unido, nos Estados Unidos e no Canadá, e muitas viajam durante o inverno frio para fazerem visitas.
Uma equipe de cientistas radicados principalmente nos EUA disse nesta semana que o número de infecções da Índia pode saltar para 1,3 milhão até meados de maio se o vírus mantiver seu ritmo de propagação.
"Mesmo nas melhores previsões, provavelmente se terá uma crise muito dolorosa", opinou Bhramar Mukherjee, professor de bioestatística e epidemiologia da Universidade do Michigan que participou do estudo.