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Internacional

Covid-19 faz economia dos EUA despencar mais de 30% no 2º trimestre

Esse foi o declínio mais acentuado desde a Grande Depressão, em 1929
Lucia Mutikani - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 30/07/2020 - 12:43
Washington
Pessoas que usam máscaras caminham ao longo do cais do oceano enquanto os Estados Unidos passaram na quinta-feira um total de mais de 4 milhões de infecções por coronavírus durante o surto global da doença por coronavírus (COVID-19) em
© REUTERS / Mike Blake
Reuters

A economia dos Estados Unidos contraiu no segundo trimestre no ritmo mais acentuado desde a Grande Depressão, em 1929, uma vez que a pandemia de covid-19 destruiu os gastos dos consumidores e das empresas, e a recuperação está sob ameaça de um ressurgimento dos casos de coronavírus.

O Produto Interno Bruto (PIB) despencou 32,9% em taxa anualizada no trimestre passado, declínio mais forte da produção desde que o governo começou a registrar os dados em 1947, informou o Departamento do Comércio nesta quinta-feira.

A queda do PIB foi mais do que o triplo do declínio recorde anterior de 10% no segundo trimestre de 1958. A economia contraiu 5% no primeiro trimestre.

Economistas consultados pela Reuters projetavam recuo do PIB a uma taxa de 34,1% entre abril e junho.

A maior parte das perdas históricas nos dados do Produto Interno Bruto aconteceu em abril, quando a atividade quase parou depois que restaurantes, bares e fábricas foram fechados em meados de março para conter a disseminação do coronavírus.

Embora a atividade tenha acelerado a partir de maio, o ímpeto diminuiu em meio a um ressurgimento de novos casos da doença, especialmente nas densamente povoadas regiões Sul e Oeste, onde autoridades estão fechando as empresas de novo ou dando uma pausa na reabertura. Isso reduziu as esperanças de uma forte recuperação do crescimento no terceiro trimestre.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reconheceu na quarta-feira a desaceleração na atividade. O Banco Central dos Estados Unidos manteve a taxa de juros perto de zero e prometeu continuar injetando dinheiro na economia.

"As perspectivas não são muito boas. Os norte-americanos não estão se comportando bem em termos de distanciamento social, a taxa de infecção é inaceitavelmente alta e isso significa que o crescimento econômico não consegue ganhar força", disse Sung Won Sohn, professor de finanças e economia na Loyola Marymount University em Los Angeles.

A queda no PIB e a recuperação econômica fraca colocam pressão sobre a Casa Branca e o Congresso para fechar um segundo pacote de estímulo.

O presidente Donald Trump, cujos números em pesquisas de opinião caíram conforme ele mostra dificuldades para lidar com a pandemia, a crise econômica e os protestos devido a injustiça racial, afirmou na quarta-feira que não tem pressa.

"Isso é duro de engolir", disse Jason Reed, professor de finanças da Universidade de Notre Dame. "No momento, a economia norte-americana está acelerando na direção de um abismo fiscal. Não apenas precisamos que os norte-americanos adotem ações sérias de prevenção da doença, como também precisamos que o Congresso feche acordo sobre outro pacote de estímulo e rapidamente."

Quedas históricas

Economistas dizem que sem o pacote fiscal histórico de quase US$ 3 trilhões a contração econômica teria sido ainda mais profunda. O pacote ofereceu às empresas ajuda para pagar salários e deu a milhões de norte-americanos desempregados um suplemento semanal de US$ 600, que acaba no sábado (1º).

Muitas empresas esgotaram seus empréstimos. Isso, junto com o aumento das infecções por coronavírus, está mantendo as demissões elevadas.

Em relatório divulgado nesta quinta-feira, o Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 12 mil, para 1,434 milhão na semana encerrada em 25 de julho. Cerca de 30,2 milhões de norte-americanos recebiam auxílio na semana até 11 de julho.

Os gastos dos consumidores, que respondem por mais de dois terços da economia dos EUA, despencaram um recorde de 34,6% no trimestre passado. Isso após queda de 6,9% entre janeiro e março.

O investimento empresarial caiu históricos 27%, pressionado pela queda de 37,7% nos gastos com equipamentos. O mercado imobiliário não foi poupado, com os gastos em construção de moradias caindo 38,7%.

Mas os gastos do governo aumentaram 2,7%, graças ao pacote de estímulo.