Fed mantém juros nos Estados Unidos próximos de zero
O Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, repetiu nesta quarta-feira a promessa de usar sua "gama completa de ferramentas" para sustentar a economia dos Estados Unidos e de manter os juros próximos a zero pelo tempo necessário para a economia se recuperar das consequências do surto de coronavírus, afirmando que a trajetória da atividade dependerá do curso do vírus.
"Após fortes quedas, a atividade econômica e o emprego aceleraram um pouco nos últimos meses, mas permanecem bem abaixo de seus níveis do começo do ano", disseram autoridades do banco central norte-americano em comunicado ao final de sua reunião de política monetária, realizada por videoconferência.
Todos os membros do comitê de política monetária do Fed votaram por deixar a meta da taxa de juros de curto prazo entre zero e 0,25%, intervalo em que está desde 15 de março, momento em que o novo coronavírus estava começando a atingir o país.
"O comitê espera manter essa faixa até estar confiante de que a economia resistiu a eventos recentes e de que está no caminho de cumprir seus objetivos de emprego máximo e estabilidade de preços", afirmou o comunicado. "A trajetória da economia dependerá significativamente do curso do vírus."
A expectativa era de que as autoridades do Fed passassem parte de sua reunião debatendo se fortaleceriam a chamada orientação futura e como o fariam, talvez prometendo que não haveria alterações nos juros até que as taxas de desemprego e inflação atendam a critérios explícitos.
O comunicado não deu nenhuma pista de tal mudança, que muitos analistas esperam que não aconteça até a reunião de política monetária de setembro.
O Fed também disse que continuará comprando pelo menos 120 bilhões de dólares em treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) e títulos lastreados em hipotecas todos os meses para estabilizar os mercados financeiros.
O Fed renovou sua promessa de juros baixos um dia antes da divulgação de relatório do governo que deve mostrar tombo recorde de 34% na produção econômica, em dado anualizado, no segundo trimestre, quando autoridades adotaram restrições que fecharam empresas e mantiveram pessoas isoladas em tentativa de conter a disseminação do coronavírus.
Os membros do Fed esperavam que essas medidas ajudassem a conter o vírus, permitindo que a economia se recuperasse rapidamente, mesmo temendo a possibilidade de que as infecções pudessem ressurgir e prejudicar a recuperação econômica.
Desde a última reunião de política monetária em junho, a epidemia se intensificou, com uma média de cerca de 65 mil novos casos detectados diariamente, cerca de três vezes o ritmo de infecções de meados de junho.
As mortes também estão aumentando, e tudo isso levou governadores da Califórnia à Flórida a impor novas restrições econômicas.