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Internacional

Coreia do Norte retoma testes de mísseis

Analistas sugerem que poderia ser um míssil de médio alcance
Josh Smith - Reuters*
Publicada em 27/02/2022 - 16:22
Seul
Coreia do Norte usou míssil ferroviário no teste de sexta-feira -KCNA
© North Korea's Korean Central News Agency (KCNA)
Reuters

A Coreia do Norte disparou o que aparenta ser um míssil balístico neste domingo (27), disseram autoridades militares da Coreia do Sul e do Japão, no que é o primeiro teste desde que o país dono de arsenal nuclear realizou um número recorde de lançamentos em janeiro.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul informou que a Coreia do Norte disparou um suposto míssil balístico em direção ao mar ao largo de sua costa leste a partir de uma base próxima a Sunan, onde fica o aeroporto internacional de Pyongyang.

O aeroporto foi o local dos testes de mísseis, incluindo um par de mísseis balísticos de curto alcance disparados no último dia 16 de janeiro.

O míssil deste domingo voou a uma altitude máxima de cerca de 620 quilômetros, a um alcance de 300 quilômetros.

Analistas disseram que os dados do voo não correspondem aos testes anteriores e sugeriram que poderia ser um míssil balístico de médio alcance disparado em uma trajetória de longo alcance.

"Houve lançamentos frequentes desde o início do ano, e a Coreia do Norte segue desenvolvendo rapidamente a tecnologia de mísseis balísticos", disse o ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi, em um comunicado televisionado. A Coreia do Norte está ameaçando a segurança do Japão, da região e da comunidade internacional, disse ele.

Os Estados Unidos condenaram o último lançamento e pediram à Coreia do Norte que cesse os atos desestabilizadores, mas disseram que o teste não representa uma ameaça imediata, disse o Comando Indo-Pacífico dos EUA.

O último teste da Coreia do Norte havia sido em 30 de janeiro, quando disparou o míssil balístico de alcance intermediário Hwasong-12.

Maior arma testada desde 2017, o Hwasong-12 teria voado a uma altitude de cerca de 2.000 quilômetros, com alcance de 800 quilômetros.

O lançamento deste domingo ocorre menos de duas semanas antes das eleições presidenciais da Coreia do Sul, que acontecem em 9 de março. Tóquio e Seul temem que Pyongyang possa avançar com o desenvolvimento de mísseis enquanto a atenção internacional está focada na invasão da Ucrânia pela Rússia.

"Este lançamento ocorre enquanto a comunidade internacional está respondendo à invasão russa da Ucrânia, e se a Coreia do Norte está fazendo uso dessa situação é algo que não podemos tolerar", disse ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi.

O Conselho de Segurança Nacional da Coreia do Sul convocou uma reunião de emergência para discutir o lançamento, que considerou "lamentável", de acordo com um comunicado.

"Lançar um míssil balístico em um momento em que o mundo está se esforçando para resolver a guerra na Ucrânia nunca é desejável para a paz e para a estabilidade no mundo, na região e na península coreana", disse o comunicado.

O principal candidato conservador Yoon Suk-Yeol alertou na semana passada que a Coreia do Norte poderia ver a crise na Ucrânia como "uma oportunidade para lançar sua própria provocação".

Candidatos e analistas notaram, no entanto, que mesmo antes da invasão, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, estava pensando em aumentar a frequência de testes de mísseis enquanto as negociações com os Estados Unidos e seus aliados seguem paralisadas.

"A Guerra de Putin molda quase toda a geopolítica no momento, e deve ser considerada em algum lugar no cálculo de Kim - mas mesmo 'tirar vantagem da distração' parece presunçoso para afirmar, já que (a Coreia do Norte) já estava testando de forma agressiva antes da guerra", afirmou John Delury, professor da Universidade Yonsei da Coreia do Sul, no Twitter.

Em seus primeiros comentários desde a invasão da Ucrânia pela Rússia na quinta-feira (24), o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte publicou no sábado (26) uma declaração de um pesquisador chamando os Estados Unidos de "causa raiz" da crise europeia por buscar sanções e pressões unilaterais enquanto desconsidera as demandas legítimas da Rússia por sua segurança.

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