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Internacional

ONG: custo de energia e alimentos arrasta milhões para pobreza extrema

Alerta é de organização não governamental Oxfam
RTP*
Publicado em 12/04/2022 - 08:42
Lisboa
O agravamento das secas na África Ocidental é uma das grandes consequências das mudanças climáticas
© Foto ONU/Ilyas Ahmed
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Mais de 250 milhões estão em risco de atingir a pobreza extrema, alerta a organização não governamental (ONG) Oxfam. A invasão da Ucrânia pela Rússia desencadeou um aumento de preços dos alimentos e dos combustíveis, e a Oxfam defende que é necessário o cancelamento das dívidas dos países mais pobres para combater o "pior colapso na pobreza". A ONG pede ajuda internacional urgente.

"Sem uma ação radical imediata, poderemos estar testemunhando o mais profundo colapso da humanidade em extrema pobreza e sofrimento de que se tem memória", afirmou Gabriela Bucher, diretora executiva internacional da Oxfam.

Devido à guerra na Ucrânia, o custo energético disparou e os preços do trigo, óleo vegetal, milho e grãos estão atingindo recordes.

"As repercussões do conflito ucraniano no sistema alimentar global atingirão o mundo todo, mas são as pessoas mais pobres e vulneráveis que estarão entre as mais atingidas e mais rapidamente. O aumento dos preços dos alimentos é um golpe de martelo para milhões de pessoas que já sofrem várias crises e tornam o enorme déficit de ajuda potencialmente letal",  disse Bucher.

A Oxfam destaca que "governos endividados podem ser forçados a cortar gastos públicos para responder ao aumento do custo de importação de combustível e alimentos". Os Estados mais endividados poderiam se beneficiar do cancelamento de pagamentos de dívidas nos próximos dois anos, propõe a Oxfam. A quantia estimada de US$ 30 bilhões das dívidas poderia ser redirecionada para o combate ao custo das importações desses países.

Mais impostos

A organização também sustenta que os mais ricos e as empresas que tem tirado dividendos com a pandemia e com a guerra deveriam pagar pagar mais impostos. A Oxfam apela ao G20 que crie um fundo de US$ 100 bilhões "para os países pobres utilizarem e protegerem os mais carentes da inflação por meio de subsídios e cortes de impostos sobre bens e serviços".

O Banco Mundial já tinha estimado que 198 milhões de pessoas poderiam ser empurradas para a pobreza extrema este ano, como resultado da pandemia. Se a guerra na Ucrânia e o aumento dos preços da energia forem somados à covid-19, a Oxfam estima que mais 65 milhões de pessoas serão afetadas.

Estima-se que o Oriente Médio e regiões da África sejam particularmente afetados por causa da interrupção das importações de cereais provenientes da região do Mar Negro, que agravaram as crises econômicas e climáticas já existentes.

Em toda a África Oriental estima-se que mais de 28 milhões de pessoas ficarão subnutridas como resultado dos preços globais de alimentos.

A Oxfam adverte que 40% do orçamento da África Subsaariana poderão ser gastos em alimentação. Para Bucher, a falta de ação dos governos para combater o aumento da pobreza é "indesculpável".

"Rejeitamos qualquer argumentação dos governos de que não têm dinheiro ou meios para tirar todas as pessoas da pobreza e da fome e garantir sua saúde e bem-estar. Vemos apenas a ausência de imaginação econômica e vontade política para realmente fazê-lo", acrescenta a diretora executiva da Oxfam.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação confirmou, na semana passada, que os produtos alimentícios custavam mais de um terço que há um ano e estavam atingindo valores recordes.

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