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Internacional

Ucranianos sofrem com frio e escuridão; presidente pede ajuda à ONU

Pelo menos uma vez por semana, Rússia tem atacado alvos de energia
Pavel Polityuk e Tom Balmforth - Repórteres da Reuters*
Publicado em 24/11/2022 - 09:49
Kiev
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy
© Serviço de Imprensa da Presidência da Ucrânia/Divulgação via REUTERS/Direitos Reservados
Reuters

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, pediu que a Organização das Nações Unidas puna os ataques aéreos russos contra a infraestrutura civil, depois que uma série de mísseis causou os piores cortes de energia em todo o país até agora, mergulhando as cidades na escuridão congelante.

Com milhões de ucranianos enfrentando temperaturas abaixo de zero, as autoridades trabalhavam duro nesta quinta-feira para reativar as luzes e o aquecimento. O mais recente bombardeio de mísseis da Rússia matou 10 pessoas, desligou as usinas nucleares da Ucrânia e deixou grande parte do país sem energia.

Na manhã de quinta-feira, as autoridades regionais em Kiev disseram que a energia havia sido restaurada em três quartos da capital e que a água estava funcionando novamente em algumas áreas. O transporte também voltou a funcionar na capital.

As autoridades esperavam reiniciar as três usinas nucleares no território controlado pela Ucrânia até o final do dia.

Desde o início de outubro, a Rússia tem lançado enormes ataques aéreos cerca de uma vez por semana em alvos de energia em toda a Ucrânia.

Moscou reconhece que ataca a infraestrutura básica, afirmando que seu objetivo é reduzir a capacidade de combate da Ucrânia e pressioná-la a negociar. Kiev diz que os bombardeios têm claramente a intenção de ferir civis, tornando-os crime de guerra.

"Hoje é apenas um dia, mas recebemos 70 mísseis. Essa é a fórmula russa do terror. Tudo isso contra nossa infraestrutura energética", disse Zelenskiy à noite, em vídeo para a câmara do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Hospitais, escolas, transportes, bairros residenciais, todos sofreram", afirmou ele, pedindo às Nações Unidas que atuem para deter os ataques.

Não há perspectiva de ação do Conselho de Segurança, onde a Rússia tem poder de veto. O embaixador de Moscou na ONU, Vasily Nebenzya, rejeitou o que chama de "ameaças e ultimatos imprudentes" da Ucrânia e de seus apoiadores no Ocidente.

Em discurso aos ucranianos, Zelenskiy declarou: "Vamos reconstruir tudo e superar tudo isso porque somos um povo indestrutível".

A Ucrânia diz que está derrubando a maioria dos mísseis e restaurando a maior parte da energia em um dia, mas que cada um desses ataques causa danos piores e maior dificuldade aos civis.

"Se Moscou realmente acredita que a falta de energia fará com que os ucranianos derrubem o governo e implorem por misericórdia, então, depois de nove meses de guerra, o Kremlin ainda não sabe absolutamente nada sobre a Ucrânia", tuitou o conselheiro de Zelenskiy, Mykhailo Podolyak.

O inverno chegou abruptamente na Ucrânia e as temperaturas estavam bem abaixo de zero na capital, uma cidade de 3 milhões de habitantes. A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que o presidente russo, Vladimir Putin, está "claramente usando o inverno como arma para infligir imenso sofrimento ao povo ucraniano".

O presidente russo "tentará congelar o país até a submissão", acrescentou ela.

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