Equador aguarda funeral de candidato presidencial assassinado
Apoiadores do candidato presidencial equatoriano assassinado, Fernando Villavicencio, farão nesta sexta-feira (11) um memorial público em sua homenagem, depois que o gabinete do procurador-geral acusou seis suspeitos de sua morte.
Villavicencio, um ex-parlamentar e jornalista que investigava episódios de corrupção, foi morto a tiros ao sair de um evento de campanha na noite de quarta-feira (9), menos de duas semanas antes da eleição.
O assassinato foi um exemplo chocante do aumento da violência e da criminalidade no país sul-americano e levou alguns eleitores a ponderar se irão às urnas em 20 de agosto. Isso tornou ainda mais difícil prever o resultado da eleição.
Seis suspeitos – todos colombianos que a polícia disse pertencerem a grupos criminosos – foram detidos sob custódia por 30 dias por um juiz na noite de quinta-feira (10), disse o gabinete do procurador-geral no X, plataforma anteriormente conhecida como Twitter.
"Com base nos elementos de condenação apresentados pelo gabinete do procurador-geral, o juiz ordenou a prisão preventiva para os seis acusados de homicídio", disse. "A ordem durará 30 dias."
De acordo com documentos de acusação enviados para o site do sistema de Justiça, todos os seis também foram acusados de tráfico ilícito de substâncias.
Dois dos homens foram indiciados anteriormente, em 5 de julho, por receptação de produtos roubados, segundo documentos do site.
Todos os homens tinham antecedentes criminais no Equador e na Colômbia, disse um porta-voz da polícia equatoriana.
A esposa de Villavicencio, Verónica Saraúz, disse que ainda não se reuniu com as autoridades para discutir por que sua proteção de segurança falhou.
“Ele estava ciente de que as ameaças contra ele eram reais”, disse Saraúz à Rádio Caracol da Colômbia.
"Sabemos que eles são os autores materiais", disse ela sobre os seis homens acusados. "Mas precisamos saber quem são os autores intelectuais. Quem contratou eles?"
O governo disse que está investigando quem está por trás do assassinato e prometeu aumentar a segurança em todo o país para garantir eleições pacíficas.
Villavicencio morreu de traumatismo craniano, hemorragia e laceração cerebral causada por uma bala, constatou uma autópsia citada nos documentos de acusação. Ele também sofreu uma fratura craniana.
Seus partidários estão esperando para ver se sua família dará detalhes sobre os planos para seu funeral nesta sexta-feira, mas muitos planejam se reunir em um memorial público em Quito.
Como sindicalista e depois jornalista, Villavicencio há muito tempo foi exposto a ameaças devido às suas acusações de corrupção contundentes e meticulosamente documentadas contra alguns dos maiores nomes do establishment político e financeiro do Equador.
Apesar da suspensão da campanha por dois adversários e da condenação generalizada do assassinato, os políticos têm trocado farpas.
O partido de Villavicencio denunciou o "uso político" da morte e alguns apoiadores criticaram o ex-presidente Rafael Correa, com quem Villavicencio entrou em conflito como jornalista investigativo.
Luisa González, a candidata apoiada por Correa que lidera a corrida com pouco menos de 30% de apoio dos eleitores, acusou o presidente Guillermo Lasso de ligações com a máfia albanesa, uma alegação que Lasso sempre negou.
Os ataques podem piorar a confiança dos cidadãos no processo eleitoral e seus resultados, disseram analistas.
Villavicencio tinha 7,5% de apoio nas pesquisas, colocando-o em quinto lugar entre oito candidatos.
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