Líderes africanos trabalham em resposta a golpe militar no Gabão
Líderes africanos discutiam nesta quinta-feira (31) sobre como responder aos militares do Gabão, que depuseram o presidente Ali Bongo e colocaram um novo chefe de Estado no país, no mais recente golpe de Estado de uma série de golpes na África Ocidental e Central que as potências regionais não têm conseguido impedir.
Nota emitida na quarta-feira (30) pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil informa que o governo brasileiro acompanha a situação "com preocupação".
"O Brasil expressa seu apoio ao papel da União Africana e de outros atores regionais para a superação da atual crise e conclama à busca de uma solução pacífica e acordada", diz a nota.
Segundo o Itamaraty, há cerca de 80 brasileiros e brasileiras morando no país: "em caso de necessidade, a Embaixada [na capital Libreville] pode ser contatada por meio de seu telefone de plantão: +241 77926200 (inclusive Whatsapp). O plantão consular do Itamaraty permanece disponível no número +55 61 98260-0610 (inclusive WhatsApp)".
A tomada do poder no Gabão põe fim às quase seis décadas de dinastia da família Bongo e cria um novo dilema para as potências regionais que têm lutado para encontrar uma resposta eficaz a oito golpes de estado na região desde 2020.
O bloco político da África Central, a Comunidade Econômica dos Estados da África Central (CEEAC), condenou o golpe em um comunicado, dizendo que havia planejado uma reunião "iminente" de chefes de estado para determinar uma resposta, mas sem informar a data.
O Conselho de Paz e Segurança da União Africana também se reúne nesta quinta-feira para discutir o golpe, disse um porta-voz do presidente da Comissão da União Africana.
O presidente da Nigéria, Bola Tinubu, atual presidente do bloco da África Ocidental (Cedeao), disse na quarta-feira que estava trabalhando em estreita colaboração com outros líderes africanos para conter o que chamou de "contágio de autocracia" que se espalha por toda a África.
Militares do Gabão anunciaram o golpe antes do amanhecer de quarta-feira, pouco depois de um órgão eleitoral ter declarado que Bongo tinha conquistado um terceiro mandato, após eleições no sábado (26).
Mais tarde na quarta-feira, um vídeo surgiu mostrando Bongo detido em sua residência, pedindo ajuda a aliados internacionais, mas aparentemente sem saber o que estava acontecendo ao seu redor. Os oficiais anunciaram também que o general Brice Oligui Nguema, antigo chefe da guarda presidencial, foi escolhido como chefe de Estado.
Nos últimos quatro anos, houve golpes de estado em Mali, Guiné, Burkina Faso, Chade e Níger, anulando as conquistas democráticas obtidas desde a década de 1990 e suscitando preocupações entre as potências estrangeiras com interesses estratégicos regionais.
A Cedeao ameaçou uma intervenção militar no Níger depois de um golpe de Estado no dia 26 de julho e impôs sanções, mas a junta governista não recuou. Líderes militares em outros países também têm resistido à pressão internacional, como no Mali. Eles têm conseguido se manter no poder e alguns até ganharam apoio popular.
*Com informação da Agência Brasil
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