Presidente francês recusa demissão de primeiro-ministro
O presidente francês, Emmanuel Macron, recusou nesta segunda-feira (8) a renúncia do primeiro-ministro do país, pedindo-lhe que permaneça temporariamente como chefe do governo, após a reviravolta nas eleições legislativas de domingo.
O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, foi hoje ao palácio presidencial para apresentar sua renúncia, mas garantiu que poderia permanecer no cargo durante os Jogos Olímpicos de Paris ou por mais tempo, se fosse necessário.
Macron, que nomeou o primeiro-ministro há apenas sete meses, pediu a Attal que permaneça no cargo “para garantir a estabilidade do país”.
Attal deixou claro no domingo que discordava da decisão de Macron de convocar eleições antecipadas.
Os resultados da votação de domingo aumentaram o risco de paralisia governamental para a segunda maior economia da União Europeia (UE).
Os resultados dos dois turnos das eleições legislativas não deixaram caminho óbvio para a formação de um governo, quer para a coligação de esquerda, que ficou em primeiro lugar, quer para a aliança centrista de Macron, segunda colocada no pleito, ou ainda para a extrema-direita, que ficou na terceira posição.
De acordo com os resultados oficiais divulgados na manhã de hoje, os três principais blocos ficaram muito aquém das 289 cadeiras necessárias para controlar a Assembleia Nacional, que tem 577 lugares, a mais poderosa das duas câmaras legislativas da França.
Os resultados mostraram que a coligação de esquerda Nova Frente Popular (Nouveau Front Populaire, em francês) obteve 182 cadeiras, ficando à frente da aliança centrista de Macron, com 168 cadeiras.
O União Nacional (Rassemblement National, em francês), partido de extrema-direita, e aliados ficaram restritos ao terceiro lugar, embora os seus 143 lugares ainda estejam muito acima do melhor resultado anterior, de 89 cadeiras em 2022.
Emmanuel Macron ainda tem três anos de mandato presidencial. Espera-se que os legisladores recém-eleitos reúnam-se na Assembleia Nacional para iniciar negociações sobre os possíveis acordos partidários.
Entrentanto, Macron deverá viajar para a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Washington, que se realiza de terça (9) a quinta-feira.
O impasse político poderá ter implicações de longo prazo, especialmente na guerra da Ucrânia, para a diplomacia global e para a estabilidade econômica da Europa.
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