Hamas acusa Netanyahu de "obstruir" tréguas em Gaza
O movimento palestino Hamas acusou, neste domingo (18), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de "obstruir" um acordo de tréguas em Gaza, após a mais recente rodada de negociações em Doha.
"Consideramos Benjamin Netanyahu totalmente responsável pelo fracasso dos esforços dos mediadores, pela obstrução de um acordo e pelas vidas dos reféns, que correm o mesmo perigo que o nosso povo [com os contínuos bombardeios]", afirmou em comunicado o movimento radical palestino, que está em guerra aberta com Israel desde outubro.
Hoje, Benjamin Netanyahu pediu a uma "pressão direta sobre o Hamas", denunciando aquilo que classificou como "recusa obstinada" para uma trégua na Faixa de Gaza, num momento em que começa, em Israel, a primeira etapa de uma visita do secretário de Estado norte-americano à região.
"O Hamas tem se mostrado obstinado na sua recusa e nem sequer enviou um representante para as negociações em Doha. Por conseguinte, a pressão deve ser dirigida ao Hamas e ao [seu líder, Yahya] Sinouar, e não ao Governo israelita", afirmou o governante israelita.
Na quinta e na sexta-feira, os negociadores israelenses estiveram em Doha em conversações com mediadores do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos, com vista a um cessar-fogo em Gaza, combinado com a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinianos.
De acordo com o gabinete de Netanyahu, no seu regresso, os representantes do Governo manifestaram um "otimismo moderado".
"Há esperança de que a pressão significativa exercida pelos Estados Unidos e pelos mediadores sobre o Hamas lhe permita levantar a sua oposição à proposta americana", que "inclui elementos aceitáveis para Israel", segundo o gabinete.
Na sexta-feira, o Hamas já tinha afirmado que rejeitava as "novas condições" desta proposta, criticando as imposições norte-americanas.
Netanyahu reafirmou hoje que Israel estava conduzindo "negociações, e não uma troca de dar e receber".
O gabinete do chefe do executivo informou ainda que receberá o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na segunda-feira (19) de manhã em Jerusalém, no âmbito da sua nona viagem a Israel desde o início do conflito, em 7 de outubro.
Nesse dia, Israel declarou uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de o movimento islamita ter realizado um ataque em território israelense de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 111 dos quais permanecem em cativeiro, enquanto 41 morreram, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.
A guerra, que continua a ameaçar alastrar a toda a região do Oriente Médio, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 40 mil mortos (quase 2% da população) e 92.401 feridos, além de mais de 10 mil desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais.
Depois da visita a Israel, o secretário de Estado norte-americano vai encontrar, na terça-feira (20), os responsáveis do Egito, país que recebe esta semana a continuação das negociações suspensas na sexta-feira à noite em Doha.
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