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Internacional

Ucrânia proíbe uso oficial do Telegram por medo de espionagem

Autoridades esclarecem que medida é válida para canais oficiais
Olena Harmash e Max Hunder - Repórteres da Reuters
Publicado em 20/09/2024 - 13:27
Kiev (Ucrânia)
Brasíluia (DF), 10-05-2023 - Imagem do aplicativo Telegram. Foto Valter Campanato/Agência Brasil.
© Valter Campanato/Agência Brasil
Reuters

A Ucrânia proibiu o uso do aplicativo de mensagens Telegram em dispositivos oficiais usados por autoridades do Estado, militares e trabalhadores vitais. A decisão foi tomada porque autoridades acreditam que a Rússia, país inimigo, pode espionar tanto as mensagens quanto os usuários, disse um órgão de segurança superior nesta sexta-feira (20).

O Conselho Nacional de Segurança e Defesa anunciou as restrições após Kyrylo Budanov, chefe da agência de inteligência militar GUR, da Ucrânia, apresentar ao Conselho evidências da capacidade dos serviços especiais russos de espionar a plataforma, disse em comunicado.

Mas Andriy Kovalenko, chefe do centro de combate à desinformação do conselho de segurança, publicou no Telegram que as restrições se aplicam apenas a dispositivos oficiais, não a telefones pessoais.

O Telegram é muito usado tanto na Ucrânia quanto na Rússia e se tornou uma fonte importante de informações desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Mas as autoridades de segurança ucranianas expressaram preocupações sobre seu uso durante a guerra repetidas vezes.

Plataforma

Com sede em Dubai, o Telegram foi fundado por Pavel Durov, nascido na Rússia e que deixou o país em 2014, após se recusar a cumprir exigências de fechar comunidades da oposição em sua plataforma de rede social VKontakte, que ele vendeu.

Durov foi preso ao desembarcar na França em agosto como parte de uma investigação sobre crimes relacionados à pornografia infantil, tráfico de drogas e transações fraudulentas no Telegram.

De acordo com comunicado do Conselho de Segurança, Budanov forneceu provas de que os serviços especiais russos podiam acessar as mensagens do Telegram, inclusive as excluídas, e os dados pessoais dos usuários.

"Sempre apoiei e continuo a apoiar a liberdade de expressão, mas a questão do Telegram não é uma questão de liberdade de expressão, é uma questão de segurança nacional", disse Budanov em seu próprio comunicado.

De acordo com o banco de dados Telemetrio, cerca de 33 mil canais do Telegram estão ativos na Ucrânia.

O presidente Volodymyr Zelenskiy, que faz parte do conselho de segurança, comandantes militares e autoridades regionais e municipais publicam regularmente atualizações sobre a guerra e relatam decisões importantes em seus canais do Telegram.

A imprensa ucraniana estimou que 75% dos ucranianos usam o aplicativo para comunicação e apontou que 72% o consideravam uma fonte importante de informações no final do ano passado.

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