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Internacional

Dois drones cruzam do Líbano para Israel após sirenes soarem

Moradores de Beirute temem ataques israelenses
Enas Alashray e Maayan Lubell - repórteres da Reuters
Publicado em 11/10/2024 - 21:28
Beirute
Smoke billows over Beirut southern suburbs after a strike, amid the ongoing hostilities between Hezbollah and Israeli forces, as seen from Sin El Fil, Lebanon October 8, 2024. Reuters/Amr Abdallah Dalsh/Proibida reprodução
© Reuters/Amr Abdallah Dalsh/Proibida reprodução
Reuters

O Exército israelense afirmou que dois drones do Líbano foram detectados no fim desta sexta-feira após sirenes soarem no centro de Israel, acrescentando que não há relatos de vítimas.

Um drone foi interceptado com sucesso, com “ambos os veículos aéreos não tripulados sendo monitorados desde o momento que cruzaram a fronteira com o Líbano”, informou o Exército em comunicado.

Contudo, um edifício em Herzliya sofreu danos, afirmaram  militares e a polícia israelenses em comunicados separados.

Não houve comentários imediatos do grupo armado libanês Hezbollah acerca do ataque com drones.

O conflito entre Israel e Hezbollah eclodiu há um ano, quando os militantes apoiados pelo Irã passaram a lançar foguetes contra o norte de Israel para demonstrar apoio ao grupo militante palestino Hamas, logo no início da guerra na Faixa de Gaza.

Mas o conflito se intensificou nas últimas semanas, com bombardeios de Israel no sul do Líbano, em subúrbios ao sul de Beirute e no Vale do Bekaa, matando muitos líderes do Hezbollah. O grupo passou a atirar foguetes no interior do território de Israel.

Temor de moradores

Moradores do centro de Beirute, atingido por um mortal ataque aéreo israelense, ainda estavam em choque nesta sexta-feira em meio à poeira, escombros e vidros quebrados, temendo que, se até mesmo o bairro foi atingido, ninguém no Líbano está a salvo.

Israel intensificou sua campanha no país e tem mirado nas áreas de maioria xiita no sul, nos subúrbios sul de Beirute e no Vale do Bekaa, onde o Hezbollah possui seus redutos.

Contudo, dois ataques no fim de quinta-feira atingiram Al-Basta al-Fouqa, um distrito misto de Beirute, que possui apartamentos para os quais as pessoas fugiram nas últimas duas semanas após seus bairros serem atingidos por Israel.

“Só Deus sabe qual será o próximo alvo. É terrível. No norte, é assustador. No sul, é assustador. No leste, é assustador. No oeste, é assustador. Para onde vamos?”, perguntou Hoda Adly, de 51 anos.

Ela estava fazendo a oração noturna do Islã em casa, na quinta-feira, quando uma bola de fogo saiu do prédio logo ao lado, levantando uma coluna de poeira em volta dela e transformando tudo em um caos.

No dia seguinte, a rua estava coberta de vidro e entulho, assim como de roupas, malas e outros objetos do dia a dia. Nos escombros, as pessoas procuravam por seus pertences, não raro com suas expressões demonstrando choque.

Carros estavam amontoados uns sobre os outros, retorcidos e esmagados pela intensidade da explosão. Muitos moradores usavam máscaras faciais para se proteger da poeira, que permanecia suspensa no ar.

Os dois bombardeios mataram 22 pessoas e feriram 117, afirmaram autoridades de Saúde libanesas. Os ataques tiveram como alvo uma autoridade do Hezbollah, mas fontes de segurança afirmaram que ela sobreviveu.

Amer El Halabi, de 55 anos, que vive no mesmo prédio de Adly, afirmou que muitos dos desalojados mudaram para o seu bairro, mas temiam que Israel estivesse usando a alegação de que membros do Hezbollah estão no grupo como pretexto para intensificar os bombardeios.

"Esses são todos prédios residenciais, nos quais as pessoas estão vivendo há mais de 30 anos. Que consistência tem eles matarem 22 pessoas? Para quê? Não há mais humanidade”, disse.

Ele contou que estava em casa com a sua mulher quando os ataques aconteceram. Um minuto depois, havia corpos na rua.

O ataque danificou a fachada de pelo menos cinco edifícios, estilhaçando janelas de outros na mesma rua. Em um dos prédios, os restos da sala ficaram expostos, com os retratos da família ainda pendurados na parede.

* Reportagem de Amina Ismail e Timour Azhari.

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