Naim Qassem é o novo secretário-geral do Hezbollah
Naim Qassem foi eleito para o cargo de secretário-geral do Hezbollah, sucedendo a Hassan Nasrallah, morto em um ataque israelense, confirmou nesta terça-feira (29) o movimento xiita libanês apoiado pelo Irã.
Qassem tem 61 anos e nasceu nos arredores de Beirute. Milita no Hezbollah desde os anos de 1970.
"O Conselho da Shura do Hezbollah concordou em eleger sua iminência o xeque Naim Wassem como secretário-geral do Hezbollah, carregando a sua bandeira abençoada nesta viagem, apelando a Deus todo poderoso que o guie na sua nobre missão de liderar o Hezbollah e a sua resistência islâmica", diz comunicado divulgado pelo movimento.
“Prometemos a Deus todo poderoso e ao espírito do nosso mais alto e mais precioso mártir, sua eminência Sayyed Hassan Nasrallah (que Deus esteja satisfeito com ele), e aos mártires, aos Mujahideen da resistência islâmica, e ao nosso povo firme, paciente e leal, trabalhar em conjunto para alcançar os princípios do Hezbollah e os objetivos da sua jornada, manter a chama da resistência a brilhar e a sua bandeira erguida até que a vitória seja alcançada e Deus seja vitorioso sobre o Seu assunto, Deus é forte e poderoso”, acrescenta o comunicado.
Pronunciamento na TV
Qassem é um dos principais porta-vozes do Hezbollah, concedendo entrevistas a meios de comunicação estrangeiros, inclusive por ocasião das hostilidades transfronteiriças com Israel, no ano passado.
Falando em frente a cortinas, de um local não revelado em 8 de outubro, Qassem afirmou que o conflito entre o Hezbollah e Israel é uma guerra sobre quem chora primeiro e o Hezbollah não choraria. Disse ainda que o grupo apoia os esforços do deputado Nabih Berri - um aliado do Hezbollah - para garantir um cessar-fogo, omitindo pela primeira vez qualquer menção a um acordo de trégua em Gaza como condição prévia para conter o fogo do grupo contra Israel.
O discurso de 30 minutos na televisão foi proferido poucos dias depois da notícia de que Hashem Safieddine, figura representativa do Hezbollah, tinha sido alvo de um ataque israelense, 11 dias depois da morte do secretário-geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah. A morte de Safieddine foi confirmada pelo Hezbollah em 23 de outubro.
O discurso de Qassem, no dia 8 de outubro, foi o segundo desde que as hostilidades entre Israel e o Hezbollah se intensificaram em setembro, tendo sido o primeiro membro da cúpula do Hezbollah a fazer comentários televisivos após a morte de Nasrallah num ataque aéreo israelense aos subúrbios do sul de Beirute, no dia 27 de setembro.
Em 30 de setembro, Qassem afirmou que o Hezbollah escolheria um sucessor para o seu secretário-geral assassinado “na primeira oportunidade” e que continuaria a lutar contra Israel em solidariedade aos palestinos.
“O que estamos a fazer é o mínimo necessário. Sabemos que a batalha pode ser longa”, afirmou num discurso de 19 minutos.
Número dois do Hezbollah
Naim Qassem é figura de topo do movimento apoiado pelo Irã há mais de 30 anos. Foi nomeado vice-chefe em 1991 pelo então secretário-geral do grupo armado, Abbas al-Musawi, morto em um ataque israelense de helicóptero no ano seguinte. Qassem permaneceu no cargo quando Nasrallah se tornou líder. É um acadêmico religioso xiita e político libanês. Foi classificado como o segundo homem do Hezbollah e um dos seus maiores teóricos.
Em 2005, escreveu uma história do Hezbollah que é vista como um raro “olhar de dentro” sobre a organização. Qassem usa um turbante branco, ao contrário de Nasrallah e Safieddine, cujos turbantes pretos denotam o estatuto de descendentes do profeta Maomé.
Qassem participou das reuniões que levaram à formação do Hezbollah, criado com o apoio da Guarda Revolucionária do Irã em resposta à invasão israelense do Líbano em 1982. Tem sido o coordenador geral das campanhas eleitorais parlamentares do Hezbollah desde que foram disputadas pela primeira vez em 1992.
Naim bin Muhammad Naim Qassem nasceu em fevereiro de 1953 na zona de Basta al-Tahta, em Beirute. É casado e tem seis filhos, quatro rapazes e duas moças.
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