Rui Falcão diz que pedido para cassar registro do PT é manobra do PSDB
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse hoje (20) que o pedido de cassação do registro do partido pelo PSDB à Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) é uma tentativa de manobra por terem perdido a eleição presidencial. “Contra essas tentativas, temos de estar alertas e vigilantes”, declarou Falcão ao participar, em Porto Alegre, de mesa de debate no Fórum Social Temático.
O pedido é uma representação do PSDB para investigar a documentação que teria sido entregue pelo ex-diretor da Área Internacional Petrobras Nestor Cerveró à Procuradoria-Geral da República.
Segundo reportagem do Jornal Valor Econômico de segunda-feira (18), antes do acerto da delação premiada, Cerveró afirmou que a campanha à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, recebeu R$ 50 milhões em propina, resultado de uma negociação para compra, em 2005, de US$ 300 milhões em blocos de petróleo na África.
No debate sobre o tema “Democracia e desenvolvimento em tempos de golpismo”, Falcão disse que nenhuma crise econômica ou combate à corrupção pode representar ataques à democracia. Segundo ele, o pedido de impeachment representa mais uma tentativa de golpe diante de várias manobras adotadas. O presidente do PT citou como exemplo as rejeições pelo Judiciário dos pedidos de habeas corpus.
“Hoje, temos o habeas corpus inscrito como direito, mas proscrito com apoio da mídia monopolizada. Não só pelos processados na Lava Jato, mas também em estados do Brasil advogados têm tido dificuldades de conseguir habeas corpus, que é um direito fundamental.”
Gilberto Leal, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), lembrou que democracia não é conquistada somente pelo voto, mas com enfrentamento permanente na ação cotidiana.
“A Frente Brasil Popular [articulação que reúne partidos e movimentos populares em defesa da democracia] é essa convergência de luta que temos de reforçar e somar coletivamente.” Para Leal, o binômio desenvolvimento e democracia são elementos fundamentais para enfrentamento da crise.
O ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, informou que o avanço de posições conservadoras, tanto no Congresso Nacional quanto na sociedade, representam a não aceitação da direita das políticas que fizeram a classe trabalhadora melhorar a qualidade de vida.
“A direita jamais o perdoará [referência ao ex-presidente Lula]. É imperdoável o reajuste do salário mínimo. A direita não tem compromisso com a democracia nem compromissos éticos quaisquer”, concluiu Amaral.