Eleição de Crivella não garante projeção nacional ao PRB, diz professor da UFRJ

Publicado em 31/10/2016 - 21:30 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

A eleição do senador Marcelo Crivella para a prefeitura do Rio não garantirá ao partido dele, o PRB, projeção para levar a bons resultados nacionais nas eleições gerais de 2018, na avaliação do professor titular de ciência política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Jairo Nicolau.

Rio de Janeiro - O senador Marcelo Crivella celebra, em Bangu, a eleição para a prefeitura da capital fluminense, no segundo turno (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O senador Marcelo Crivella celebra, em Bangu, a eleição para a prefeitura da capital fluminense, no segundo turno Fernando Frazão/Agência Brasil

“O PRB é um partido muito pequeno. Não acho que tenha uma vocação para se tornar uma força política nacionalmente”, disse o analista durante o seminário Perspectivas 2017: economia e política em momento de mudança, que discutiu o quadro político-partidário depois das eleições municipais e as perspectivas para as eleições de 2018.

Segundo Nicolau, que considera e eleição de Crivella surpreendente, o prefeito eleito terá muitos desafios, ente os quais o de organizar um secretariado. “Ele vai ter que buscar [fora], porque não tem esses quadros no partido dele, que é insignificante no estado.”

Além disso, segundo o professor da UFRJ, Crivella terá que enfrentar certa desconfiança e romper barreiras da opinião pública, de uma parte da juventude e da classe média da cidade, relacionadas à ligação do prefeito eleito com a Igreja Universal, da qual é pastor licenciado.

“A opinião pública e a oposição estão de olho. Pode ser um ponto negativo da gestão dele [a ligação com a religião], mas prefiro esperar. Ainda acho remota qualquer discussão sobre a nacionalização do Crivella como uma liderança em todo o país, ou do próprio partido dele, como um partido que capture faixas de apoio da opinião pública.”

A mesma análise de pouca projeção nacional, segundo Nicolau, vale para o prefeito eleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS). “Não imagino que por conta da vitória dele, o PHS se torne um partido nacionalmente relevante ou vá atrair quadros.”

Legislativo

Durante o evento, organizado Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE), Nicolau mostrou dados de desempenho dos partidos na eleição de 2016 e destacou os resultados das câmaras municipais. Segundo ele, a composição dos legislativos municipais pode dar uma pista do que poderá ocorrer em 2018 na eleição para o Congresso Nacional.

Já o professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV) Octavio Amorim Neto disse que o momento é de indefinição para o cenário político de 2018, porque não se sabe o que vem pela frente na Operação Lava-Jato com a possibilidade de delações premiadas de integrantes da empresa Odebrecht. Além disso, segundo Amorim Neto, há dúvidas também quanto a revelações do deputado cassado Eduardo Cunha.

Edição: Luana Lourenço

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