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Política

Em voto separado na CPI do Futebol, senadores sugerem indiciar nove pessoas

Yara Aquino – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 23/11/2016 - 13:46
Brasília
O senador Romário, relator do projeto que cria a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, durante reunião em que o projeto foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos do Senado (Antonio Cruz/Agência Brasil)
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O senadores Romário (PSB-RJ), que preside a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol, e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentaram hoje (23), no Senado, voto em separado ao relatório final de Romero Jucá (PMDB-RR), sugerindo o indiciamento de nove pessoas por crimes como estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A votação do relatório de Jucá, que estava prevista para hoje, foi adiada por um pedido de vista coletiva. Também foi concedida vista coletiva ao voto em separado.

Entre as pessoas que têm o indiciamento sugerido no voto em separado estão os ex-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin e Ricardo Teixeira, além do atual presidente da confederação, Marco Polo Del Nero, que respondem acusações na justiça norte-americana.

O relatório apresentado por Jucá em abril não sugere o indiciamento de nenhum envolvido nos escândalos de corrupção na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ao ler um resumo do voto em separado, que tem cerca de mil páginas, Randolfe Rodrigues fez críticas ao documento de Jucá, que ele classificou de “chapa branca”. “De um lado temos um relatório chapa branca que apenas traz sugestões genéricas e indolores para a grave crise sobre o nosso esporte mais popular, sem investigação, sem crimes, sem qualquer sugestão de indiciamento”, disse Randolfe.

O senador Romero Jucá rebateu as críticas e disse que recomendou, em seu relatório, que o documento seja encaminhado a órgãos como a Polícia Federal, Ministério Público Federal, e Controladoria-geral da União, que seriam os responsáveis por tomar a iniciativa de abrir ou não investigações. “A CPI não indicia ninguém; ela pode pedir ao Ministério Público que indicie. Ora, se estou mandando para o Ministério Público os indícios de crime, as irregularidades e toda a documentação sigilosa, eu não vou ensinar ao Ministério Público seu serviço e dizer que ele deve indiciar aquela pessoa no artigo A ou B”, afirmou.

Romário disse discordar que a CPI não tenha competência para sugerir indiciamentos. “É competência, sim, dessa CPI, depois de uma investigação de quase um ano e meio, sugerir indiciar essas pessoas”, afirmou.

O relatório de Jucá e o voto em separado devem ser discutidos na próxima semana. Randolfe disse que, mesmo que o voto em separado seja derrotado na CPI, o documento será encaminhado a órgãos competentes pela inciativa de abrir investigações. “Mesmo se for derrotado na CPI, iremos, o quanto antes, marcar um encontro com o Procurador-geral da República, entregar o relatório alternativo e apresentar os indícios de investigação que temos para o indiciamento de personalidades e autoridades”, disse o senador Randolfe.

No relatório apresentado por Jucá, ele propõe alterações na Lei de Lavagem de Dinheiro, a minuta de um projeto de lei para a tipificação do crime de corrupção privada, que não existe atualmente no Brasil, e mudanças no Estatuto do Torcedor. Ele faz ainda observações e sugestões para melhorar a governança no futebol brasileiro, com o objetivo de profissionalizar a gestão dos clubes e a relação com os atletas desde a formação de base.