Assassinatos de jovens de 16 e 17 anos cresceram sete vezes entre 1980 e 2013
Dados do novo Mapa da Violência mostram que o número de assassinatos de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos cresceu mais de cinco vezes e meia entre 1980 e 2013.
Especificamente entre os jovens de 16 e 17 anos o crescimento foi ainda maior: sete vezes.
De acordo com os dados, 93% dos casos de assassinato são de meninos e rapazes. Oito de cada dez deles não terminaram o ensino fundamental (e 20% eram analfabetos funcionais). Para cada homicídio de um jovem branco houve três homicídios de jovens negros.
Os resultados colocam o Brasil na terceira posição entre os países que mais matam jovens, atrás apenas do México e de El Salvador.
Os dados estão disponíveis na internet no site mapadaviolencia.org.br e foram apresentados pela primeira vez na noite desta segunda-feira (29) na CPI do Assassinato de Jovens no Senado Federal pelo sociólogo Júlio Jacobo, autor do estudo.
O pesquisador elabora o Mapa da Violência a partir de dados do IBGE, do SUS e da Organização Mundial da Saúde. Segundo ele, para tentar solucionar o problema o Brasil trata apenas das consequências mas não das razões sociais
Sonora Júlio Jacobo: "O primeiro passo da cura: a consciência da enfermidade. Se a gente não é consciente sobre quais são os nossos problemas, nunca vamos solucioná-los."
Júlio Jacobo apresentou o Mapa da Violência em audiência conjunta com o cientista político e antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-Secretário Nacional de Segurança Pública.
A audiência foi acompanhada apenas pela presidente da CPI, Lídice da Mata (PSB-BA). Para Luiz Eduardo Soares, a audiência vazia foi sintomática.
Sonora Luiz Eduardo Soares: "Essa desatenção dos personagens sociais se estende aos argumentos que chamam atenção para esse fenômeno. Então hoje foi um pouco essa cena reproduzida, um auditório com pessoas excelentes, e é como se o debate não tivesse relevância, ele ficou também um pouco negligenciado."
A divulgação dos resultados do Mapa da Violência ocorreu na véspera da provável votação na Câmara dos Deputados da emenda constitucional 171 que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos nos casos de crimes hediondos, homicídio e roubo qualificado.
Já no Senado está pronto para votação em Plenário, com regime de urgência, o projeto de lei que estende de três para oito anos o período máximo de internação em regime especial de atendimento socioeducativo, para jovens que praticarem crimes hediondos.