"A gente tá indo buscar uma, mas a gente tá trazendo 5 ou 7 crianças graves. São muito, muito mesmo. Só chegando aqui para ver que a comunidade está total desnutrida". É assim que Junior Yanomami descreve a situação nas comunidades indígenas Yanomami. Ele é presidente da Urihi, uma associação indígena local. A situação de total vulnerabilidade desse povo já vem sendo denunciada há algum tempo, mas só agora veio à tona e as medidas começaram a ser tomadas.
Junior diz que, só nesse fim de semana, quase 30 crianças foram resgatadas, não só com desnutrição, mas contaminadas por malária também. Ele conta que os hospitais da região já estão superlotados e não conseguem atender a todos os pacientes.
Para Eloisa Machado, uma das advogadas que atua na denúncia contra Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional, o que tem acontecido com os povos Yanomami não se configura apenas uma omissão de anos, mas sim um genocídio.
Enquanto as investigações da Polícia Federal e Tribunal Penal Internacional apuram os culpados pela tragédia com o povo Yanomami, quem está na linha de frente de resgate de tantas vítimas de negligência, começa a ter esperança de dias melhores.
De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, apenas em 2022, 99 crianças, de um a quatro anos, morreram como consequência das mazelas do garimpo ilegal. E, ao menos, 570 perderam a vida nos quatro anos recentes por contaminação por mercúrio, fome e outros problemas de saúde.
A população do Distrito Especial Indígena Yanomami, com uma população de cerca de 30 mil pessoas, sofre com a desnutrição, síndromes respiratórias e malária.





