O ano de 2023 foi marcado por conquistas históricas e novos incentivos na área de educação. A Lei de Cotas, considerada um marco, passou a incluir um novo grupo social, os quilombolas. A medida faz parte de uma série de mudanças que atualizaram a legislação de 2012, criada para reservar vagas em instituições de ensino superior para grupos vulneráveis, como população negra e indígena, e também para estudantes de escolas públicas.
Ao sancionar a lei, o presidente Lula destacou o desempenho dos cotistas.
“Esses jovens estão demolindo um mito propagado pelas elites que sempre tiveram o livre acesso às melhores instituições do Brasil e no exterior. O mito de que a chegada dos cotistas no ensino superior faria cair a qualidade da educação. E o que aconteceu foi exatamente ao contrário”.
O Desenrola do Fies, que desde novembro permite a renegociação de dívidas do programa, foi outro destaque em 2023. A negociação envolve mais de 1,2 milhão de pessoas que ficaram com o nome sujo. É possível ter desconto de até 99% no valor da dívida.
Já o novo PAC previu quase R$ 3 bilhões em expansão de novas unidades dos institutos federais, contemplando pelo menos cem novos campi, com cada um gerando 1.400 novas matrículas.
Entre as novidades está o primeiro curso de ensino superior do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, o Impa, que começa em 2024. O curso é gratuito e tem como objetivo capacitar os estudantes para entrar de forma efetiva no mercado de tecnologia e inovação.
O ano contou ainda com um número recorde de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Foram quase quatro milhões de pessoas, o que aponta uma retomada na comparação com os dois anos anteriores. O avanço foi de pouco mais de 13% em relação a 2022.
Mas muitos candidatos foram alocados a mais de 30 quilômetros de distância da sua residência e por isso, puderam fazer a prova em outro dia. Nos dois casos, os temas das redações geraram discussão na sociedade brasileira, ao abordarem o trabalho de cuidado feito pelas mulheres e a população em situação de rua.
O ministro da educação Camilo Santana destacou outras novidades desta edição.
“Também é a primeira vez que o nordeste brasileiro foi a região que mais tivemos inscritos no Enem. E mais de 60% dos inscritos são mulheres”
Mas ataques a escolas assustaram a população. Dois mil e vinte e três foi o ano com maior número deles, de acordo com o Instituto Sou da Paz. Ao todo, foram 11 ataques, que deixaram 11 mortos e 25 feridos.
Uma grande discussão dos últimos anos também se estendeu ao longo de 2023. O Novo Ensino Médio, que começou a ser implementado oficialmente nas escolas, foi duramente criticado por alunos, entidades e especialistas, inclusive com protestos em todo o país. O governo decidiu rever essa mudança, e atualmente uma nova proposta está em tramitação no congresso.
Discussões sobre o uso de tecnologia na educação dividiram opiniões. O ChatGPT, ferramenta de inteligência artificial lançada no fim de 2022, foi alvo de discordâncias. De vilão a mocinho, o instrumento rapidamente conquistou os usuários, muitos deles estudantes, para a realização de trabalhos escolares. Mas para muitos especialistas, o uso indiscriminado da ferramenta pode representar um risco para o aprendizado.
E os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, divulgados no final do ano, trouxeram uma boa e uma má notícia. Apesar da qualidade do ensino no país não ter caído mesmo com a pandemia de covid-19, o Brasil apresentou um desempenho estável entre 2018 e 2022, ficando entre os 20 últimos países do ranking em matemática e entre os 30 piores em ciências. A melhor posição foi alcançada em leitura, de 44 a 57, entre os 81 países avaliados.