Comissão Internacional mantém proibição de caça comercial às baleias
Meio Ambiente
Publicado em 15/09/2018 - 17:47 Por Juliana Cézar Nunes - Brasília
A conferência da Comissão Baleeira Internacional terminou na última sexta-feira, em Florianópolis, após a derrota da proposta japonesa que previa a liberação da caça comercial de baleias.
Com o apoio da delegação brasileira, ficou mantida a proibição da prática. A exceção é para casos em que a caça de baleias é usada para subsistência de grupos como esquimós e, de forma bem restrita, comunidades aborígenes.
Fábia Luna, coordenadora do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos, do Instituto Chico Mendes, explica porquê a delegação brasileira votou contra a liberação da caça comercial das baleias.
Sonora: “O maior risco é de extinguir as espécies. Quando havia caça, algumas espécies abundância populacional caiu tanto que chegou a 1% da população original. A baleia-azul, por exemplo, a cada 100 baleias, uma só sobreviveu. Tanto que até hoje ela ainda é criticamente ameaçada de extinção. Mesmo com esses 30 anos de moratória, ela ainda não conseguiu se recuperar.”
Fábia Luna, do Instituto Chico Mendes, também fala sobre a importância das baleias para o ecossistema marinho.
Sonora: “Por elas serem animas de grande porte, elas têm papel na cadeia como um todo. Desde a base da produção, dos fitoplânctons, como as plantas pra gente, é controlada pelas baleiras. Até o Japão diz que elas comem nossos peixes. Na verdade, elas fazem um controle, as próprias fezes delas também fertilizam mais o ambiente, traz uma matéria orgânica necessário para que o fitoplâncton possa continuar produzindo.”
A Comissão Baleeira Internacional foi criada em 1946 e reúne 89 países, entre eles o Brasil. A proibição da caça comercial de baleias é historicamente questionada por países como Japão, Noruega e Islândia.
No encontro deste ano, a delegação japonesa chegou a propor a criação de um comitê de caça sustentável e alterações na forma de votação de projetos no âmbito da conferência. As duas propostas foram rejeitadas.
Ficou também proibido o uso de métodos letais de pesquisa em detrimento de técnicas que não resultem em morte das baleias.