Um réptil encontrado há mais de uma década, no Rio Grande do Sul, pode ajudar a escrever uma página importante da paleontologia, ciência que estuda a evolução da vida na Terra. O animal era o voador mais primitivo do mundo e teria habitado a região há mais de 220 milhões de anos. Trata-se do Faxinalipterus minimus, denominado assim devido ao tamanho pequeno, que seria próximo ao de um pardal.
Agora, pesquisadores do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, entre outras instituições, apresentaram uma revisão que aponta a descoberta de duas espécies distintas. Isso foi possível diante da comparação com um novo fóssil encontrado, recentemente, no mesmo local onde o anterior havia sido recolhido, município gaúcho de Faxinal do Soturno.
O novo fóssil, que recebeu o nome Maehary bonapartei, é composto por um crânio incompleto, partes da mandíbula, de uma escápula e de vértebras. O estudo já foi publicado por uma revista científica.
O especialista em pterossauros que atualmente dirige o Museu Nacional, Alexander Kellner, dá detalhes do achado. Foi com a ajuda de um tomógrafo que os pesquisadores desvendaram o enigma. O aparelho faz uma análise não-destrutiva, que permite a visualização de detalhes anatômicos ainda recobertos pela rocha onde o fóssil está preservado. Neste contexto, a nova espécie Maehary bonapartei foi posicionada como o membro mais primitivo dentro da linhagem dos pterossauromorfos até os pterossauros, estes totalmente adaptados ao voo.
O nome Ma'ehary, significa “quem olha para o céu” em Guarani-Kaiowa . E Bonapartei homenageia o principal pesquisador de vertebrados fósseis da Argentina, José Fernando Bonaparte , falecido em 2020. Ele atuou com paleontólogos brasileiros na coleta e descrição de vertebrados extintos que viveram no período Triássico, dominado por répteis e no qual as rochas foram formadas.
