Especialistas analisam motivações e recados de protestos
As manifestações do último domingo são tema de análises de pesquisadores da área política e econômica. Eles avaliam as motivações da população para ir às ruas e o recado dos protestos. Para o cientista político Márcio Malta, professor da Universidade Federal Fluminense, o governo deveria responder às manifestações com mais investimento em políticas públicas e maior diálogo com os movimentos sociais.
Sonora: “Talvez o governo pudesse sinalizar com um peso maior nas políticas públicas, talvez ter uma relação mais orgânica com os movimentos sociais, não somente acionando esses movimentos sociais quando precisa, quando se sente pressionado pela oposição."
O cientista político acredita que, apesar de extensa, a lista de reivindicações levada às ruas no último domingo não incluiu pontos importantes, como o financiamento privado de campanhas eleitorais.
Sonora: “De fato, pelo menos desde 2005, 2006, com os escândalos que remontam a República, como por exemplo o mensalão, neste momento a Operação Lava-Jato, todos eles versam sobre financiamento de campanha. É importante salientar que empresa não doa, empresa faz investimento, porque a partir do momento que há interesse, há o lobby. O Brasil perdeu a oportunidade de debater essa reforma política no Congresso.”
Para o professor de economia da Universidade de Brasília, Newton Marques, a crise na economia e a Operação Lava Jato oferecem combustível para as manifestações.
Sonora: “A atividade econômica está desacelerada. Isso gera desemprego, nós temos pressões inflacionárias fortes, não é daquele momento que nós tivemos a hiperinflação nos anos anteriores, mas isso preocupa sobremaneira. O dólar está subindo bastante, tem também o envolvimento de figuras notórias nessa Operação Lava-jato, então tudo isso reúne combustível para as manifestações.”
Diferentes movimentos populares, centrais sindicais e entidades estudantis vão realizar nesta próxima quinta-feira um ato nacional "Contra a Direita e o Ajuste Fiscal". Até o momento, as mobilizações estão confirmadas em doze capitais, segundo os representantes dos movimentos.