A adoção de um imunizante de dose única pode contribuir para o aumento da cobertura vacinal contra o HPV, na avaliação do diretor da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), Jarbas Barbosa. Atualmente, apenas 11 dos 50 países do continente oferecem esse tipo de vacina. Em outros 37, incluindo o Brasil, o esquema vacinal prevê mais de uma dose.
A vacina contra o HPV é a principal forma de prevenir o câncer de colo de útero, que registra cerca de 17 mil novos casos no Brasil por ano. O imunizante do tipo quadrivalente protege contra quatro tipos do vírus, com eficácia superior a 90%. Em um evento nesta quinta-feira, Barbosa lembrou que a pandemia de covid impactou a imunização de rotina, acelerando o declínio das coberturas, e diminuindo a proteção contra doenças evitáveis por vacinas. Mas é preciso recuperá-las.
A Opas está lançando uma iniciativa, junto com o Instituto Nacional de Câncer e 17 organizações não governamentais e sociedades científicas brasileiras para enfrentar os desafios da vacinação contra o HPV, e também melhorar o diagnóstico e o tratamento do câncer de colo do útero. Este é terceiro tipo de câncer mais incidente em mulheres, excluindo os tumores de pele não melanoma. A coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca, Maria Beatriz Kneipp Dias, observa que as mulheres em idade reprodutiva ou com menopausa recente são as mais atingidas.
Os especialistas reforçam ainda que a vacina também pode prevenir outros tipos de câncer causados por HPV, como os de pênis, orofaringe e vulva. No ano passado, menos de 42% das meninas e de 28% dos meninos tomaram as duas doses da vacina. Os principais desafios para aumentar as coberturas são a conscientização sobre os benefícios do imunizante e o combate à desinformação, já que muitas pessoas acreditam que a vacina tomada na adolescência seria um convite para o início da vida sexual. O diretor do programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti, diz que também é preciso uniformizar o alcance no país.
A vacinação contra o HPV no Brasil é disponibilizada gratuitamente para meninas e meninos entre 9 e 14 anos. Também podem se vacinar pessoas de 15 a 45 anos que tenham HIV, transplantados, pacientes oncológicos, imunossuprimidos e vítimas de violência sexual.