Autor de sambas históricos, Beto Sem Braço é tema da Império Serrano

MÚSICA

Um ilustre compositor é o grande homenageado da festa que a Escola de Samba Império Serrano vai levar à Marquês de Sapucaí. Com 77 anos de história e nove títulos de campeã, a verde e branco de Madureira, bairro tradicional da zona norte carioca, vai beber da sua fonte em 2025.

MÚSICA

A estrela do desfile será ninguém menos que Laudeni Casemiro, mais conhecido como Beto Sem Braço, apelido que ganhou devido à deficiência física, sequela de um acidente na infância. Na lista dos maiores sambistas do país, ele era mestre em transformar em canção coisas comuns, do dia a dia no subúrbio.

Sambista brilhante, que se consagrou como um dos maiores nomes da Império Serrano, ainda no seu primeiro ano na escola, em 1982, compôs o samba do enredo “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”, campeão naquele ano.

Mas foi quando a cantora Beth Carvalho gravou “Camarão Que Dorme A Onda Leva”, composta por ele e Zeca Pagodinho, que Beto Sem Braço conquistou maior notoriedade no país.

O enredo da escola do Morro da Serrinha para sacudir a Série Ouro, no próximo Carnaval, leva o título de uma frase famosa do sambista: “O que espanta miséria é festa”. E é isso que a escola promete, ao narrar várias crônicas suburbanas características do cotidiano do carioca.

Um dos cenários apresentados no desfile vai ser o das feiras populares, ambiente comum para o compositor, que também foi feirante. O carnavalesco Renato Esteves está estreando na escola e destaca a relevância de Beto Sem Braço para os imperianos e o Carnaval.

"Beto Sem Braço, na sua passagem meteórica pelo carnaval carioca, ele ganhou seis sambas pela Império, dos quais três são Estandartes de Ouro. Uma das maiores identificações do imperiano é o Beto Sem Braço, Beto Sem Braço é uma entidade não só para a Império, mas para o carnaval de uma maneira geral".

Além da homenagem, Renato Esteves quer que o desfile traga à tona a importância de valorizar os compositores, que nem sempre são prestigiados como merecem.

"Então, falar de Beto Sem Braço é a gente dar luz aos compositores, que normalmente são deixados à margem, né, porque nós sabemos muito dos intérpretes e muito pouco dos compositores. Então é uma chance da gente dar luz aos artista da caneta, que contribuem tanto para a música popular brasileira."

A Império Serrano vai encerrar os desfiles da Série Ouro, no sábado, 1º de março, na Marquês de Sapucaí.

MÚSICA

*Com supervisão de Vitória Elizabeth

** A Império Serrano foi uma das escolas de samba que teve grande parte de suas fantasias destruída no incêndio que atingiu a fábrica Máximus, no dia 12 de fevereiro. Por decisão unânime da Liga RJ, a escola não será julgada e não corre o risco de rebaixamento.