Flamengo inaugura capela no terceiro ano da tragédia no Ninho do Urubu

Dez atletas morreram em incêndio no centro de treinamento do clube

Publicado em 08/02/2022 - 17:03 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

No dia em que o incêndio no alojamento do Centro de Treinamento George Helal, conhecido como Ninho do Urubu, completou três anos, o Flamengo inaugurou uma capela ecumênica em homenagem aos dez atletas mortos na tragédia. A construção é próxima do local onde funcionava o alojamento atingido pelo fogo. O vice-presidente-geral do clube, Rodrigo Dunshee de Abranches, dirigentes, atletas e parentes dos jovens jogadores mortos acompanharam a cerimônia celebrada na capela.

No incêndio, perderam a vida os jogadores Arthur Vinícius, Athila de Souza Paixão, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson dos Santos, Jorge Eduardo, Pablo Henrique, Rykelmo de Souza Viana, Samuel Thomas e Vitor Isaías. Três atletas ficaram gravemente feridos: Cauan Emanuel Gomes Nunes, Francisco Diogo Bento Alvez e Jhonata Cruz Ventura.

Nas tentativas de entendimento com o Flamengo para o recebimento de indenizações, de todas as famílias, a de Christian Esmério foi a única que não fechou acordo com o clube. No fim do ano passado, os parentes do goleiro entraram na 33ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) com ação contra o Flamengo, que ainda está em andamento.

Procurado pela Agência Brasil, o Flamengo respondeu que este é um assunto interno do clube e que não se manifesta sobre os entendimentos, nem sobre o andamento das ações na Justiça.

Defensoria

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro entrou com recurso extraordinário para que fosse restabelecido o pagamento de pensão aos parentes das vítimas do incêndio, mas o pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça. De acordo com a Defensoria, o objetivo do novo recurso era fazer “com que o caso chegasse ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, ao final, houvesse o restabelecimento da pensão às famílias das vítimas”.

A Defensoria informou que, em 2020, o TJRJ extinguiu parte da ação que obrigava o Flamengo a manter o pagamento de pensões às famílias das vítimas e reduziu para cinco salários mínimos o valor da pensão destinada aos sobreviventes que não fizeram acordo com o clube.

Em outubro do ano passado, a Defensoria e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) encaminharam ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao STF recursos pedindo a retomada da ação e o restabelecimento dos pagamentos. Conforme a Defensoria, o Tribunal de Justiça, no entanto, só admitiu os recursos para o STJ e negou os dirigidos ao STF. A Defensoria entende que tem atribuições reconhecidas pelo próprio STF para encaminhar o pedido.

“Está claro, então, que a questão deixou de ser meramente legal para passar a envolver matéria constitucional. A Corte mais alta do país, portanto, deve ser chamada a se manifestar”, afirma a Defensoria.

A subcoordenadora cível da DPRJ, Beatriz Cunha, lembrou que a tragédia no Ninho do Urubu sensibilizou todo o país, mas foi um divisor de águas na vida dos meninos que se encontravam no centro de treinamento e de suas famílias.

“Hoje, passados três anos, os sobreviventes e as famílias convivem não só com a dor do trauma e da perda, mas também com a dor de um processo que não se encerra. O STF é o sopro de esperança de que uma reparação a contento ainda pode chegar”, afirmou Beatriz.

Ministério Público

O Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor do Ministério Público denunciou à Justiça 11 pessoas pelo crime de incêndio culposo qualificado e pelos resultados morte e lesão grave. Essas pessoas foram apontadas como responsáveis pela tragédia do Ninho do Urubu. Na denúncia oferecida à 36ª Vara Criminal da Capital, os promotores descrevem uma série de irregularidades e ilegalidades cometidas no alojamento.

De acordo com o Ministério Público, ao fim do processo, os denunciados ficam sujeitos às penas previstas nos artigos 250, §2º, c/c Artigo 258 do Código Penal, com penas de detenção de um ano e quatro meses a quatro anos, com aumento de pena de um sexto até a metade, em razão do concurso formal. Até agora nenhum dos indiciados foi condenado.

Clube

Em seu perfil no Twitter, o Flamengo lembrou os atletas mortos no incêndio, citando os nomes de todos na mensagem. Todas as postagens estão em preto e branco, significando luto.

“A saudade não tem fim e para essa dor não há cura. Mas o Flamengo vai jogar, a Nação vai cantar e nossos corações vão pulsar pra sempre por vocês.”

 

O clube postou ainda um vídeo com momentos de homenagens da torcida aos Garotos do Ninho. O Flamengo pede um minuto de silêncio. “Um minuto de silêncio. Três anos de saudade. Dez estrelas a brilhar, no céu do nosso Mengão”.

Edição: Nádia Franco

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