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Tatuadores oferecem serviço gratuito de reconstituição da aréola mamária

Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 09/10/2015 - 20:43
Brasília

Aos 30 anos, a auxiliar administrativa Denise Silva foi diagnosticada com câncer de mama em estágio intermediário, quase avançado. Poucos meses depois, passou pela cirurgia de retirada das mamas. Após diversas sessões de quimioterapia e radioterapia, voltou à mesa de cirurgia para fazer a reconstrução dos seios. Hoje (10), três anos após o diagnóstico, o processo de recuperação chega ao fim com a ajuda de uma técnica de tatuagem que imita o desenho da aréola na mama.

Com a ajuda do namorado, Denise pôde escolher detalhes como a tonalidade e o tamanho do desenho, para que ficasse o mais próximo do natural. O procedimento durou cerca de 30 minutos. “É como se fosse o desfecho de todos esses procedimentos envolvendo a mama, que vão terminar agora. Vou voltar a ter um seio finalizado”, contou. “É como se fosse um ponto final da parte cirúrgica e estética. É uma sensação de alívio, como se a gente pudesse virar a página e seguir a vida”, completou.

A dona de casa Rosenilde Ribeiro Machado, 53 anos, também aguardava ansiosa pelo momento em que deitaria na maca para fazer a reconstituição da aréola da mama direita. Em 2003, ela foi diagnosticada com câncer de mama em estágio inicial, com um nódulo de aproximadamente 1 centímetro. Dois meses depois, o tumor já tinha aumentado quatro vezes de tamanho e a retirada do seio precisou ser feita às pressas.

Ao todo, foram cinco anos de tratamento, incluindo cirurgia, sessões de quimioterapia e radioterapia e tratamento oral. A reconstrução da mama só teve início oito anos após o diagnóstico. “Eu não quis antes porque, na época, estava cuidando do meu esposo doente. Aconteceu tudo ao mesmo tempo. Depois que ele faleceu, fiz a reconstrução. Agora, quero ver o acabamento. A gente quer a autoestima de volta, quer se cuidar melhor. Com fé em Deus, esse será o capítulo final”, disse.

Tatuadores participam de mutirão para reconstituir aréola mamária

Tatuadores participam de mutirão para reconstituir aréola mamária de mulheres que tiveram câncerMarcelo Camargo/Agência Brasil

O profissional responsável pela reconstituição da aréola em ambos os casos é o tatuador Cleison Rosa Leite, 38 anos. A proposta surgiu depois que ele se ofereceu para ajudar algumas amigas que haviam passado pelo tratamento completo contra o câncer de mama e que tiveram os seios reconstruídos ao final do processo. “O resultado foi mesmo muito bom e elas me indicaram para um grupo de amigas que também tiveram a doença”, lembrou.

Atualmente, Leite trabalha em parceria com mastologistas (responsáveis pela cirurgia de retirada das mamas) e cirurgiões plásticos e oferece o serviço de reconstituição da aréola sem nenhum custo. Até o próximo domingo (11), ele participa de um mutirão promovido por profissionais especializados em tatuagens realistas durante o Brasília Tattoo Festival, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

“A melhor sensação do mundo é quando essas mulheres se olham no espelho e choram ao ver o trabalho finalizado. Choro junto com elas porque sei da importância que isso tudo tem para a autoestima de quem enfrentou um câncer”, contou Leite.