logo Agência Brasil
Geral

Ministro diz que mulheres devem ser incluídas em tomada de decisão sobre parto

Pedro Peduzzi e Paulo Victor Chagas - Repórteres
Publicado em 08/03/2017 - 16:56
Brasília

No Dia Internacional da Mulher, o governo federal anunciou uma série de medidas para humanizar o parto normal, reduzir procedimentos considerados desnecessários e garantir os direitos sexuais reprodutivos das mulheres. O governo informou também que pretende interligar o Ligue 180, central que recebe denúncias de agressão a mulheres, aos serviços da Polícia Militar para agilizar o atendimento de mulheres vítimas de violência.

Durante cerimônia de anúncio das medidas, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que até hoje não havia uma diretriz específica para o parto normal. “As mulheres devem ser tratadas com respeito, ter acesso a informações e serem incluídas na tomada de decisões. Haverá um plano de parto.”

Entre as recomendações do Ministério da Saúde às casas de parto e maternidades, estão técnicas para alívio da dor, presença de doulas e liberdade de posição na hora do parto. A manobra de Kristeller, em que o médico empurra a barriga da mãe para auxiliar na saída do bebê, também passará a ser contraindicada. “As diretrizes garantem assistência qualificada. Há um protocolo, e a mulher vai para sala do parto sabendo exatamente o que vai acontecer”, afirmou Barros.

Dia da Mulher

Ao lado da primeira-dama Marcela Temer, o presidente Michel Temer participou do evento, no Palácio do Planalto. Segundo o presidente, o Dia Internacional da Mulher é importante não apenas para o calendário, mas também para que seja recordada a “luta permanente” das mulheres por uma “posição adequada” na sociedade.

“A sociedade, de alguma maneira vai bem, [devido à importância das mulheres]. Se os filhos vão bem é porque tiveram formação adequada em suas casas. Isso quem faz não é o homem, é a mulher. Na economia, a mulher também tem grande participação, porque ninguém é melhor de ver ajustes de preços e flutuações econômicas do que a mulher”, disse Temer.

Em um breve discurso, a primeira-dama defendeu o fim da intolerância contra as mulheres. “Mesmo com a busca pela legitimidade de apontar o que é melhor para nós, há momentos em que as mulheres se veem sozinhas no sustento de filhos e netos. [Elas estão presentes] na rotina para conduzir a família, quem mais requer cuidados, como por exemplo as mães de crianças com microcefalia”, disse.

Para a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, o desafio à frente da pasta é fazer com que as mulheres ocupem cada vez mais os espaços de poder. "A mulher negra é merecedora de uma política especial dirigida a ela. Preocupa-me o racismo excludente para essas mulheres negras que eu aqui represento”, afirmou.

DIU

O Ministério da Saúde também anunciou a ampliação do acesso ao dispositivo intrauterino (DIU) de cobre, um método contraceptivo que não usa hormônios. Além das unidades básicas de saúde, as maternidades brasileiras também poderão ofertar o DIU em situações como o pós-parto e pós-abortamento. De acordo com o ministro, as maternidades terão até 180 dias para organizar a implantação do contraceptivo, que tem índice de segurança de 99% e duração de até 10 anos.

Em entrevista após o evento, o ministro Ricardo Barros disse que, em 180 dias, as maternidades estejam preparadas para implementar as medidas dentro de 180 dias. De acordo com Barros, o DIU já está disponível, não precisando ser importado, e a previsão é que, quando for usado em larga escala, os gastos com este método fiquem em torno de R$ 30 milhões por ano.

Texto ampliado às 17h34 para acréscimo de informações