MP denuncia três pessoas por assassinato de policial em Paraisópolis
O Ministério Público de São Paulo (MP) ofereceu hoje (8) denúncia contra três acusados de participar do assassinato da policial militar Juliane Duarte em agosto. Ela estava na comunidade de Paraisópolis, zona sul paulistana, em um bar com amigos quando foi sequestrada, torturada e morta.
Segundo os relatos das testemunhas que compõem o processo, Juliane estava em um bar se divertindo com amigos quando foi reconhecida como policial. Na denúncia, há três versões sobre esse reconhecimento. Em todas elas, a suspeita com relação à profissão de Juliane surgiu após frequentadores do estabelecimento perceberem que ela estava armada. A situação envolve ainda o furto do celular de um dos amigos de Juliane, que teria causado uma confusão e atraído atenção de membros do crime organizado.
A primeira versão diz que o cabo da pistola foi notado enquanto ela dançava. Em outra, ela teria mostrado ostensivamente a arma para exigir a devolução do telefone furtado. Há ainda testemunhas que dizem que um grupo ligado ao PCC foi ao bar e revistou os presentes em busca do aparelho roubado, durante esse processo teriam revelado a arma da policial.
Sequestro e tortura
Cerca de 40 minutos após a confusão envolvendo o celular, quatro pessoas foram ao bar em busca da Juliane. Entre eles estavam, segundo o MP, Felipe da Silva, conhecido como Tirulipa, e Elaine Figueiredo, apelidada de Neguinha. Junto com duas outras pessoas não identificadas, eles avançaram sobre a policial e a balearam na virilha com a própria arma. Depois do ataque, eles encontraram a identificação funcional de Juliane.
O grupo arrasta a moça para um veículo, mas, antes mandam o dono do bar lavar o local e fechar o estabelecimento. O sequestro aconteceu na noite de 1º de agosto. No dia seguinte, a moto de Juliane foi encontrada no bairro de Pinheiros, na zona oeste paulistana. O corpo da moça foi encontrado na noite do dia 6 no porta-malas de um carro no bairro Campo Grande, zona sul da cidade.
Ordens do tráfico
O laudo necroscópico indicou, de acordo com o MP, que Juliane foi espancada antes de ser executada com um tiro à queima-roupa na cabeça. Ela teria ficado cerca de três dias em poder dos criminosos. As investigações ainda não conseguiram identificar os autores da tortura e da execução. No entanto, a apuração descobriu que os atos foram praticados sob as ordens Everaldo Felix, o Sem Fronteira, apontado como gerente do tráfico de drogas em Paraisópolis.
A partir da quebra de sigilo de três telefones celulares encontrados com o acusado foram achadas mensagens em que ele ordena a morte da policial. A maior parte das mensagens foram trocadas com pessoas ainda não identificadas. Entretanto, há registros de conversas entre Sem Fronteira e Elaine Figueiredo.
Pela participação no crime, Everaldo, Elaine e Felipe são acusados de homicídio qualificado, associação criminosa e tortura. Todos estão presos preventivamente.