Líbano instrui sua embaixada em Tóquio a apoiar executivo Carlos Ghosn
O governo do Líbano instruiu sua embaixada em Tóquio para que faça o acompanhamento do caso e ofereça assistência a Carlos Ghosn, presidente da aliança Renault-Nissan-Mitshubishi, detido e acusado no Japão por irregularidades fiscais.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Líbano informou nesta terça-feira (20) que o ministro Gebrán Basil pediu ao embaixador do Líbano em Tokyo, Nidal Yehya, que visite Ghosn "para conhecer suas necessidades" e "oferecer a assistência jurídica" necessária à sua defesa.
"Carlos Ghosn é um cidadão libanês conhecido, que representa o sucesso da diáspora libanesa, e o Ministério das Relações Exteriores libanês está a seu lado para garantir que tenha um julgamento justo", indicou o ministério do país árabe no comunicado.
Ghosn, nascido no Brasil, descendente de libaneses e cidadão francês, é considerado o homem de negócios mais influente do Japão desde que assumiu, em 1999, o cargo de executivo-chefe da Nissan, para liderar sua recuperação após a aliança com a francesa Renault.
O executivo, de 64 anos, foi detido pela polícia japonesa após chegar ao aeroporto de Haneda, em Tóquio, para ser interrogado pelas autoridades sobre um suposto crime de evasão fiscal e outras possíveis irregularidades.
Ghosn apresentou "dados falsos sobre questões sensíveis", relativos à sua renda recebida entre junho de 2011 e o mesmo mês de 2015, ao declarar 4,987 bilhões de ienes (38,8 milhões de euros) em vez dos 9,998 bilhões de ienes (77,8 milhões de euros) que tinha recebido na realidade, segundo a Procuradoria de Tóquio.
A investigação interna conduzida pela Nissan descobriu "vários atos significativos de má conduta" por parte do executivo, que vigoraram "durante muito tempo", fatos "que a companhia não pode tolerar", afirmou o CEO e principal executivo da Nissan Motor, Hiroto Saika, em entrevista coletiva ontem.
A Nissan e a Mitsubishi Motors anunciaram a intenção de destituir Ghosn da presidência, uma decisão que ainda precisa ser ratificada nos respectivos conselhos de administração das companhias, enquanto a Renault defenderá "os interesses da empresa dentro da aliança" à espera de que a situação do alto executivo seja esclarecida.