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Internacional

Senado americano absolve Donald Trump

Presidente permanece no cargo e deve concorrer à reeleição
Pedro Ivo de Oliveira – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 05/02/2020 - 20:11
Brasília
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
© Eva Marie Uzcategui/Reuters/Direitos Reservados

O presidente americano Donald Trump foi absolvido das duas acusações pelas quais respondia no terceiro processo de impeachment da história americana. Trump foi acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso.

As denúncias contra o presidente do Partido Republicano foram votadas separadamente. Na primeira, que trata de abuso de poder, 48 senadores votaram a favor da condenação e 52 votaram pela absolvição. Mitt Romney, senador pelo estado de Utah e correligionário do presidente, surpreendeu a todos ao votar favorável à condenação na primeira denúncia. 

Em um discurso emocionado e contemplativo, o republicano afirmou que sabe que sua decisão causará polêmica e se refletirá em seu futuro. “O veredito é nosso, de acordo com a Constituição. O povo nos julgará por quão bem cumprimos nosso dever. Há pessoas no meu partido e no meu estado que vão desaprovar minha decisão de maneira contumaz. Serei veementemente acusado por isso. Mas alguém acredita, de verdade, que eu permitiria que esses atos ficassem sem a sentença inescapável que meu juramento perante Deus me obriga [a dar]? Meu veredito não removerá o presidente de seu cargo, mas haverá uma instância superior a esse julgamento: a decisão do povo americano. Os eleitores farão a decisão final”, concluiu Romney.

A decisão do senador Mitt Romney fez com que ele entrasse para a história como o primeiro senador a votar a favor do impeachment de um presidente do próprio partido.

No segundo artigo, que trata de obstrução do congresso, 47 senadores votaram pela condenação (todos do partido democrata) e 53 votaram pela absolvição. Eram necessários pelo menos 67 dos 100 votos da casa para que Trump fosse removido do cargo. 

A denúncia

As acusações foram fundamentadas em contatos que o presidente americano teve com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ao solicitar uma investigação sobre Hunter Biden, filho de seu possível rival político na corrida presidencial de 2020, Joe Biden. Joe Biden era vice-presidente durante a administração de Barack Obama (2009-2017), e foi o principal articulador político de acordos com a Ucrânia. 

Trump suspeitava que Hunter Biden - que recebia um salário de US$ 50 mil mensais como consultor jurídico em uma companhia de gás natural - teria uma relação espúria com empresas ucranianas, nascida de uma suposta rede de favorecimento criada durante o mandato de Joe Biden.

A solicitação de Trump para que Zelensky investigasse o caso teria gerado um “toma lá, dá cá” entre os líderes. O favor para Trump estaria condicionado à liberação de uma verba de ajuda militar de US$ 400 milhões.

O processo

O processo de impeachment foi aberto na Câmara de Deputados americana, que é de maioria democrata - o partido opositor ao de Trump - no dia 18 de dezembro de 2019. 

Durante o processo, 13 testemunhas foram chamadas, 17 depoimentos foram colhidos, mais de 180 perguntas foram feitas e 193 vídeos foram usados para o julgamento. O processo gerou mais de 28 mil páginas de documentos.

Reeleição

Logo após o veredito, o presidente Donald Trump foi às redes sociais e postou um vídeo em que aparece sendo presidente “para sempre”. Nancy Pelosi, líder da câmara que rasgou o discurso de Trump sobre o Estado da União na noite de ontem (4), não se manifestou nas redes sociais até a publicação da reportagem. 

Trump é cotado para ser a escolha do Partido Republicano para as eleições de 2020, apesar do anúncio oficial ainda não ter sido feito.