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Internacional

Em tom otimista, Biden destaca baixo desemprego e investimentos

Presidente fez o tradicional discurso de Estado da União
Agência Brasil*
Publicado em 08/02/2023 - 08:53
Brasília
Presidente dos EUA Joe Biden
© REUTERS/Tom Brenner/Direitos reservados

O baixo desemprego e os investimentos na área de infraestrutura no país foram o foco do tradicional discurso do Estado da União, feito pelo presidente norte-americano, Joe Biden, na noite dessa terça-feira (7), para dizer que país está no bom caminho.

Ele apelou aos republicanos para que colaborem na aprovação de legislação sensível, como a que permite acabar com as armas.

A menos de dois anos das eleições presidenciais nos Estados Unidos (EUA), Biden fez um discurso otimista, de unidade, apelando aos republicanos que atuem em conjunto com a sua administração "para terminar o trabalho".

Em sua fala, diante de um Congresso dividido, o presidente destacou as conquistas legislativas dos dois anos de mandato e prometeu a retomada da força da produção e manufatura no país. 

"Estamos garantindo que a cadeia de abastecimento para a América comece na região", afirmou.  "Estou anunciando novos requisitos para que todos os materiais de construção usados em projetos de infraestrutura federais sejam fabricados na América", afirmou Biden. "Madeira serrada, vidro, placa de gesso, cabos de fibra ótica feitos na América". 

Além do foco na produção doméstica, Biden tratou da volta dos bons empregos, acenou a uma classe trabalhadora que tem se sentido "esquecida" e insistiu nas reformas na área da saúde. 

O Estado da União, visto por dezenas de milhões de americanos, foi a oportunidade de Joe Biden mudar a narrativa e colocar os republicanos na parede, na disputa sobre o teto da dívida pública, que tem sido levantado, para que o país possa pagar as contas. 

"Alguns dos meus amigos republicanos querem tomar a economia como refém, a não ser que eu aceite os seus planos econômicos", disse Biden. 

"Em vez de fazer os ricos pagarem a sua parte, alguns republicanos querem que a Medicare e a Segurança Social desapareçam". 

Vários congressistas republicanos reagiram com vaias a essas declarações, e a extremista Marjorie Taylor Greene chegou a gritar "mentiroso!". 

O presidente sorriu e interpelou os agitadores, incentivando-os a entrar em contato com o seu gabinete para receber uma cópia da proposta. Biden disse apreciar "a conversão" de congressistas que agora "veem" que isso não deve ser feito. A proposta, do senador republicano Rick Scott, está disponível no plano "Rescue America" de 2022. 

O momento foi um dos mais analisados por cientistas políticos. O ex-jornalista da Fox News Chris Wallace afirmou que os republicanos "caíram na jogada" do presidente, e o representante da CNN Jake Tapper considerou que os agitadores ficaram em má posição e deram a Biden uma oportunidade de parecer vigoroso. 

Essas trocas contrastaram com os apelos do presidente ao bipartidarismo e ao trabalho conjunto com os republicanos para melhorar a vida dos americanos. Muitas das propostas de que falou, desde a descida dos preços da insulina ao fim das taxas escondidas nas reservas de viagens, não são controversas. 

"Assinei mais de 300 leis bipartidárias desde que assumi a Presidência", afirmou Biden. "Meus amigos republicanos, se trabalhamos juntos na última sessão do Congresso, não há razão para não trabalharmos também neste". 

A mensagem e o tom do presidente agradaram ao público. As pesquisas feitas após o pronunciamento resultaram em avaliação positiva de 72% dos eleitores. O índice ficou acima do registrado no ano passado. 

Biden também se antecipou a alguns ataques republicanos. "Se vocês não vão aprovar a minha extensa reforma da imigração, ao menos aprovem o plano para fornecer o equipamento e agentes necessários para proteger a fronteira". 

Em muitas ocasiões, o democrata falou em "terminar o que foi começado", algo que foi entendido como uma alusão à recandidatura para um segundo mandato como presidente. 

Também se mostrou otimista e não poupou elogios ao espírito e à alma da América, um país que emerge "mais forte" das crises e é marcado pelo "progresso e resiliência". 

Biden abordou o fim da emergência de saúde devido à pandemia de covid-19, a revogação do direito federal ao aborto e a crise de mortes provocadas pelo abuso de opiáceos, em especial Fentanil. 

O chefe de Estado fez ainda referência à China, depois de ter sido abatido um suposto balão de espionagem no espaço aéreo norte-americano. "Se a China ameaçar a nossa soberania, agiremos para proteger o país", afirmou. 

Também política externa, Biden saudou a liderança norte-americana na ajuda à Ucrânia e na aliança transatlântica contra a invasão russa e a tirania, garantindo que as democracias estão mais fortes. "Apostar contra a América nunca foi uma boa aposta", disse, levando a audiência a gritar "USA! USA!". O democrata prometeu continuar a apoiar a Ucrânia "pelo tempo que for preciso". 

O Estado da União é tradicionalmente a arma de comunicação direta mais poderosa de um presidente. No discurso do ano passado, 38 milhões de americanos assistiram à transmissão na TV.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Com informações da RTP - emissora pública de televisão de Portugal