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Internacional

Após assassinato de candidato, Equador está em estado de emergência

Fernando Villavicencio foi morto à saída de evento de campanha
Cristina Sambado - Repórter da RTP
Publicado em 10/08/2023 - 06:39
Quito
Fernando Villavicencio durante campanha em Quito
© REUTERS/Mason Jarvi
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

O presidente do Equador, o conservador Guillermo Lasso, decretou na noite dessa quarta-feira (9), estado de emergência no país durante 60 dias, após o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, de 59 anos. Foram ainda decretados três dias de luto nacional.

O assassinato do candidato presidencial, à saída de um evento da campanha eleitoral, chocou o país sul-americano, onde a crescente violência relacionada com as drogas é grande preocupação para os eleitores.

Nas redes sociais, circulam vídeos que mostram Villavicencio rodeado de apoiadores, escoltado por seguranças até um veículo que o aguardava, quando soaram os tiros.

Fernando Villavicencio era um forte crítico da corrupção e do crime organizado. Como jornalista, denunciou o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017). O assassinato provocou a ira dos seus apoiadores.O crime ocorreu a 11 dias das eleições presidenciais.

Villavicencio tinha sido condenado a 18 meses de prisão por difamação e críticas feitas contra o ex-chefe de Estado. Ele fugiu para um território indígena no Equador, tendo mais tarde recebido asilo no Peru, antes de regressar ao seu país depois de Correa ter deixado o cargo. Atualmente deslocava-se com proteção policial diante das ameaças de que tinha sido alvo.

Segundo informações não oficiais, há relatos de 30 tiros, tendo o candidato presidencial sido baleado na cabeça. Há ainda o registo de mais nove feridos. De acordo com as autoridades, o suspeito do ataque também morreu.

Feridos

Entre os nove feridos estão uma candidata a deputada e dois agentes policiais, informou o Ministério Público que, juntamente com a polícia, colhe provas no local do crime e no centro médico para onde as vítimas foram transportadas.

O ministro do Interior, Juan Zapata, garantiu que o ataque foi feito por assassinos contratados.

O atentado ocorreu após comício realizado por Villavicencio em um coliseu de uma zona central e movimentada da capital. Um atirador desconhecido disparou contra o candidato à presidência nas eleições gerais extraordinárias marcadas para 20 de agosto.

O partido de Villavicencio, Movimiento Construye, havia informado, na quarta-feira, que tinham sido realizadas recentemente discussões sobre a suspensão da campanha devido à violência política, incluindo o assassinato em julho do presidente da Câmara de Manta.

Villavicencio foi contra essa suspensão, alegando que se tratava de ato de covardia.

Na terça-feira, o candidato tinha apresentado relatório à Procuradoria-Geral da República sobre um negócio petrolífero, mas não foram divulgados detalhes desse documento. Villavicencio tinha 7,5% por cento de apoio nas pesquisas, o que o colocava em quinto lugar entre oito candidatos.

Dias antes de ser assassinado, ele disse na televisão pública que havia recebido várias ameaças de morte, procedentes provavelmente do líder do gang Choneros, também conhecido por Fito, que o mandava parar de mencionar o seu nome.

Além de Villavicencio, são candidatos às eleições presidenciais o ambientalista Yaku Pérez, a antiga deputada Luisa González, o especialista em segurança Jan Topic, o ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner, o político Daniel Hervas, o empresário Daniel Noboa e o independente Bolívar Armijos. A luta contra a criminalidade é uma das principais promessas dos candidatos que pretendem suceder o conservador Guillermo Lasso como presidente.

Em mensagem à nação, após reunião do Gabinete de Segurança do Estado, Guillermo Lasso afirmou que vai manter a data das eleições gerais extraordinárias, agendadas para 20 de agosto, mas que serão destacados militares para garantir a segurança dos eleitores.

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