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Política

CPI aprova nova convocação de motoboy que fez saques para VTCLog

Senadores também aprovaram pedidos de quebra de sigilos
Karine Melo - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 31/08/2021 - 14:52
Brasília
Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza reunião administrativa após adiamento de oitiva.

Mesa:
presidente da CPIPANDEMIA, senador Omar Aziz (PSD-AM).

Foto: Pedro França/Agência Senado
© Pedro França/Agência Senado

Em uma rara reunião sem depoimentos, senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado aprovaram nesta terça-feira (31) uma nova convocação do motoboy Ivanildo Gonçalves. Considerado peça-chave na investigação pela cúpula da comissão, o depoimento dele, que estava marcado para hoje, foi cancelado depois que um habeas corpus, concedido pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, desobrigou o motoboy de comparecer à CPI.

Os senadores querem esclarecer, por exemplo, informações obtidas junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que identificou uma movimentação atípica da empresa de logística VTCLog no valor de R$ 117 milhões nos últimos dois anos. Desse total, o motoboy teria sido responsável por movimentar R$ 4,7 milhões a serviço da empresa.

Para reforçar a importância da ida do motoboy ao Senado, o relator e o vice-presidente do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), respectivamente, exibiram hoje aos integrantes da comissão imagens que, segundo eles, indicam que o motoboy fez o pagamento de pelo menos quatro boletos que teriam beneficiado o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias. Demitido do ministério em 29 de junho, após suspeitas de ter cobrado propina pela aquisição de vacina pela Covid-19, Dias negou todas as acusações em depoimento à comissão.

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Nas imagens exibidas hoje Gonçalves aparece entrando em uma agência do Bradesco, segundo a CPI, nos mesmos horários, dias e locais que constam em extratos de quitação das contas. “São imagens reveladas pelo sistema de bancos que comprovam que no dia e na hora em que os boletos do Roberto Ferreira Dias estavam sendo pagos pela VTCLog, através do Ivanildo, o que comprova verdadeiramente o conluio existente no bastidor do Ministério da Saúde no enfrentamento à pandemia”, ressaltou Renan Calheiros. O Coaf, no entanto, diz que não é possível identificar o destinatário final das operações realizadas pelo motoboy.

Ao criticar a decisão de Nunes Marques sobre Ivanildo Gonçalves da Silva, Renan Calheiros classificou a medida como “um retrocesso” em relação à jurisprudência adotada pelo STF. Renan afirmou ainda que vai entrar em contato com o secretário da Receita Federal, já que vários requerimentos aprovados na comissão ainda não foram respondidos. “Nós estamos planejando os encerramentos dos trabalhos da CPI para o dia 21 ou 22 [de setembro]. Não podemos permitir que essas respostas só cheguem daqui a 15 ou 20 dias”, cobrou.

Outros requerimentos

Além da reconvocação de Ivanildo Gonçalves, os senadores aprovaram pedidos de quebras de sigilos telefônicos, fiscal, bancário e telemático de nomes ligados à VTCLog. Também foi aprovado requerimento para ouvir a advogada da família Bolsonaro Karina Kufa. Senadores apontam que ela organizou um jantar em sua residência, em que o lobista Marconny Faria foi apresentado a José Ricardo Santana, ex-secretário executivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Parlamentares apontam que os dois teriam atuado como lobistas da Precisa Medicamentos. A empresa intermediou a compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde ao custo de R$ 1,6 bilhão. Diante de denúncias de irregularidades envolvendo a operação trazidas pela CPI, o contrato foi cancelado pelo Ministério da Saúde antes de o pagamento ser feito.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), criticou a convocação de Karina Kufa. “Não façam prejulgamentos. Vossa Excelência quer destruir biografias de profissionais do direito. Vossa Excelência não tem o direito de atacar profissionais do direito da forma que está fazendo.