Quem mandou matar Marielle? Pergunta persiste após 5 anos do crime
Logo após a morte de Marielle Franco, duas frases ressoaram em todo mundo. A primeira: “Quem mandou matar Marielle?” cobrava justiça pelo assassinato da vereadora carioca. A segunda: “Tentaram nos enterrar, mas não sabiam que éramos sementes”. Falam da enorme onda de movimentos e pessoas que se comprometeram a manter viva a sua voz.
Um dos principais legados de Marielle, foi a eleição de diversas mulheres negras periféricas. Pouco mais de seis meses após o assassinato da vereadora, três assessoras diretas dela, carinhosamente apelidadas de “Sementes”, foram eleitas pelo PSOL como deputadas estaduais: Renata Souza, Dani Monteiro e Mônica Francisco. Em 2022, as duas primeiras se reelegeram para um novo mandato. Renata define a política desenvolvida pela parlamentar como política do afeto.
"Todo trabalho feito junto com Marielle precisa prosseguir. Não é a política do afeto que é só abraçar e beijar que a gente acha que acolhe e é importante, mas a política que faz com que o outro se afete com a dor do outro, se afete com o problema do outro. Você não precisa passar fome para se afetar com quem sente a dor da fome"
O legado da Marielle também se deu na aprovação de leis. A vereadora já tinha feito mais de 20 proposições, em apenas dois anos de mandato, e cinco dos seus projetos foram aprovados após a sua morte. Eles vão da homenagem a Tereza de Benguela e à Mulher Negra Carioca, o Calendário Oficial da Cidade do Rio de Janeiro à criação de uma campanha de enfrentamento à violência sexual.
A viúva de Marielle e atual vereadora do Rio, Monica Benicio, também é uma das sementes:
“Hoje o sentido da minha luta é justamente para que ninguém sinta uma dor parecida com aquilo que eu senti. A Marielle representava uma sociedade que dizia que não queria mais ver a repetição da lógica do machismo, do patriarcal, da lgbtfobia, do racismo estrutural. Então, a eleição da Marielle é uma resposta social por um anseio coletivo, assim como a busca por justiça e preservação da memória dela”.
E para preservar a memória da vereadora e multiplicar este legado, a família de Marielle criou em 2018, o Instituto Marielle Franco, uma organização sem fins lucrativos, com o objetivo de inspirar, conectar e potencializar mulheres negras, pessoas LGBTQIA+ e periféricas rumo a um mundo mais justo e igualitário. Mesmo sabendo da importância da filha, a mãe de Marielle, Marinete da Silva, diz que não esperava que o projeto fosse ganhar uma dimensão tão grande.
"Era só uma associação né, pra gente preservar o nome e ver o que a gente podia fazer. Mas aí se tomou uma dimensão maior. A gente tem vivido isso esses anos todos com várias ações”.
Entre as frentes de atuação do Instituto estão a luta por justiça, a defesa da memória da vereadora e a multiplicação do seu legado, apoiando mulheres negras e periféricas que querem ocupar espaços na política. A irmã de Marielle, Anniele Franco, é um grande exemplo disso: depois de ocupar a presidência do Instituto, ela assumiu em janeiro o Ministério da Igualdade Racial.
"Nós estamos aqui porque nós temos um projeto de país. Um projeto de país em que uma mulher negra possa acessar e permanecer em espaços de tomada de decisão sem ter a sua vida ceifada com cinco tiros na cabeça"
E é esse legado que se perpetua, na voz de cada mulher, negro, negra, morador de favela ou vítima de violência que eram defendidos por Marielle Franco, que hoje são incansáveis representantes desta luta.
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A Radioagência Nacional publicou três reportagens sobre os cinco anos dos assassinatos da ex-vereadora do PSOL-RJ, Marielle Franco, e de seu motorista Anderson Gomes. O fato ocorreu em 14 de março de 2018 e, até o momento, segue sem conclusão.
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*Com colaboração da TV Brasil